quarta-feira, 19 de fevereiro de 2014

O que é a vida?


O que é a vida
Sem a acolhida?
Sem o mel doce
E o sal da terra?

O que é a vida

Sem o amargo?
E o bálsamo
Que cura a ferida?

A vida é a essência
Que purifica a alma.
Que engrandece,
Que difere o existir e o ser.

sexta-feira, 18 de outubro de 2013

Nos barulhos do silêncio



                                         Helena Ferreira

Na quietude da noite que se adentra
Os olhos inquietos do gatinho
Que observam o barulho do silêncio
Buscando com o seu olhar
O suave som que balbucia o vento.

Vento esse de Primavera
Que traz as primeiras chuvas
Desse próximo veraneio.

E as andorinhas que arrulham
Em seus esconderijos secretos.
São inquilinas nesse tempo
Em que preparam seus ninhos nos tetos.

E no silêncio de meus aposentos
Em noite escura e calma,
Pensamentos e ternura
Invadem a minha alma.

                                                                      Hoje não há lua lá fora
                                                                      Mesmo assim me contento.
                                                                      Leio os poemas de que mais gosto
                                                                      Sonhando ao som do vento.

terça-feira, 27 de agosto de 2013

IMPORTÂNCIA DO PSICOPEDAGOGO NO DESENVOLVIMENTO DO EDUCANDO



Helena Maria Ferreira

RESUMO

A presente pesquisa fundamentada em autores que estudaram a aprendizagem humana e a Psicopedagogia como uma área do conhecimento tem como objetivo apresentar a importância do psicopedagogo no desenvolvimento do aprendente, a partir das possibilidades de intervenção do Psicopedagogo diante das dificuldades específicas que ele apresenta.  Nessa pesquisa pode-se concluir que, o Psicopedagogo atuando com um olhar diferenciado e escuta aberta às queixas das famílias e professores pode fazer muita diferença no desenvolvimento do educando. Assim sendo, o Psicopedagogo tem um importante papel na vida da criança ou indivíduo que apresenta necessidades especiais na aprendizagem, compreendendo e acompanhando o desenvolvimento cognitivo desse aprendiz, diante das aprendizagens e das dificuldades por ela apresentadas.
Palavras-chave: Psicopedagogia; psicopedagogo; ensino-aprendizagem; dificuldades de aprendizagem e aprendiz.

ABSTRACT

This search based on authors who have studied human learning and Psychopedagogy as a field of knowledge aims to show the importance of psychopedagogists in the development of the learner, as of possibilities of intervention psychopedagogists face specific difficulties that it presents. In this research we can conclude that the psychopedagogists acting with a different look and open listening to the complaints of families and teachers can make a difference in the development of the student. Thus, the psychopedagogists has an important role in the life of the child or person with special needs in learning, understanding and following the development of cognitive apprentice, before the learning and the difficulties it presented.
Keywords: Psychopedagogy; psychopedagogists; teaching and learning; learning disabilities and apprentice.
1 – INTRODUÇÃO

A Psicopedagogia é tomada como um corpo de conhecimentos buscando soluções para os problemas de aprendizagem humana. Um campo recente e interdisciplinar que vai desde a clínica à prevenção atuando com a prática simultaneamente à investigação.
Um olhar psicopedagógico nesse campo do saber, dos mecanismos das interações entre o aprendiz, o professor e a família. Entendo o processo em que o aprendiz é um indivíduo único, cuja personalidade é construída através da vivência social e cultural, mas, sobretudo, a partir das internalizações que faz acerca da prática social, das demandas culturais e de suas próprias necessidades. Desta forma, compreender o processo educativo implica no reconhecimento da existência das funções psicológicas e cognitivas, as quais caracterizam a aprendizagem humana e que, para que a verdadeira aprendizagem ocorra, é necessário que todas as funções intelectuais sejam vivenciadas. O trabalho em sala de aula deve oferecer à criança oportunidades e situações que a levem a vivenciar ativamente essa importante fase do desenvolvimento da personalidade e do aprender com o outro. Diante dessas considerações, a presente pesquisa apresenta a importância do psicopedagogo no desenvolvimento do educando, e a partir das possibilidades de intervenção do psicopedagogo diante das dificuldades específicas em que os aprendizes apresentam.

2 – OS PRESSUPOSTOS DA PSICOPEDAGOGIA

A psicopedagogia consiste numa nova área do conhecimento que, através da interdisciplinaridade, recorre a contribuições da psicologia e da pedagogia, dentre outras áreas, permitindo uma apreensão mais efetiva da aprendizagem. Atualmente, adota-se uma concepção de aprendizagem em que o sujeito compartilha uma interação com o meio no qual está inserido, aspecto no qual reside a especificidade do objeto de estudo da psicopedagogia no processo de aprendizagens e seus problemas.
A Psicopedagogia se ocupa da aprendizagem humana, que adveio de uma demanda – o problema de aprendizagem colocado em um território pouco explorado, situado além dos limites da Psicologia e da própria Pedagogia – e evoluiu devido à existência de recursos ainda que embrionários, para atender a essa demanda, constituindo-se, assim, em uma prática. Como se preocupa com o problema de aprendizagem, deve ocupar-se inicialmente do processo de aprendizagem. Portanto, vemos que a Psicopedagogia estuda as características da aprendizagem humana: como se aprende, como essa aprendizagem varia evolutivamente e está condicionada por vários fatores, como se produzem as alterações na aprendizagem, como reconhecê-las, tratá-las e preveni-las. Esse objeto do estudo, que é o sujeito, adquire características específicas a depender do trabalho clínico ou preventivo. (BOSSA, 2011, p.33)
Segundo Maria M. Neves, a Psicopedagogia inicialmente foi utilizada como adjetivo, indicando um caminho de atuação entre campos do conhecimento da Psicologia e da Pedagogia.
Dentro dessa conotação adjetiva da Psicopedagogia, alguns autores, principalmente pertencentes ao campo pedagógico, no final da década de 70 e início dos anos 80 no Brasil, chamaram de atitude psicopedagógica o que em verdade era um psicologismo radical. Por isso, tratavam de denunciar a formação dos professores por eles cognominada de psicopedagógica. (NEVES 1992, P. 10)

2.1 – Pensando sobre o objeto de estudo da Psicopedagogia
A Psicopedagogia estuda o ato de aprender e ensinar, levando sempre em conta as realidades interna e externa da aprendizagem, tomadas em conjunto. E, mais procurando a construção do conhecimento em toda a sua complexidade, procurando colocar em pé de igualdade os aspectos cognitivos, afetivos e sociais que lhe estão implícitos. (NEVES 1991, P. 12)
O trabalho clínico se dá na relação do sujeito com sua história de vida pessoal e a forma como ele aprende. Isto significa que o profissional precisa conhecer como o sujeito aprende, o porquê ele aprende, percebendo a relação com a aprendizagem para que ela aconteça.
O maior objetivo da atuação do psicopedagogo é eliminar os transtornos já instalados, num procedimento clínico com todas as suas implicações. O caráter preventivo permanece aí, uma vez que, ao eliminarmos um transtorno, estamos prevenindo o aparecimento de outros.
O trabalho preventivo deve ser avaliado em seu processo didático-metodológico e como essa dinâmica institucional interfere no processo de aprendizagem.
A definição do objeto de estudo da Psicopedagogia passou por fases distintas, assim, como os demais aspectos dessa área de estudo. Em diferentes momentos históricos, que repercutem nas produções científicas, esse objeto foi entendido de várias formas. Houve um tempo que o trabalho psicopedagógico priorizava a reeducação, o processo de aprendizagem era avaliado em função de seus déficits, e o trabalho procurava vencer tais defasagens. O objeto de estudo era o sujeito que não podia aprender, concebendo-se a “não aprendizagem” pelo enfoque que salientava a falta. Esse ponto de vista buscava estabelecer semelhanças entre grandes grupos de sujeitos, as regularidades, o esperado para determinada idade, visando reduzir as diferenças e acentuar a uniformidade. (BOSSA, 2011, P.33)

3 - A ATUAÇÃO DO PSICOPEDAGOGO NO MEIO ESCOLAR 

A atuação do Psicopedagogo na instituição escolar parte se faz necessário partido do pressuposto de que as escolas possuem deficiências em saber as causas das dificuldades de aprendizagens apresentadas pelas crianças, pois a falta de preparo dos professores frente a essas dificuldades seria de que o aluno não aprende. Assim, a intervenção psicopedagógica reconhece que as dificuldades de aprendizagens evidenciam-se quando há presença de problemas emocionais e comportamentais no desenvolvimento de uma criança. Na infância podem ser notadas dificuldades comportamentais quando a criança apresenta comportamentos inadequados à sua faixa etária e contrários aos comportamentos das crianças que não possuem dificuldades. O comportamento das crianças com dificuldades de aprendizagem pode ser marcado pelo isolamento, a inibição e a inquietação.
Para Bossa APUD Kiguel (1991) que também tem contribuído nesse processo de construção,
Historicamente a Psicopedagogia surgiu na fronteira entre a Pedagogia e a Psicologia, a partir das necessidades de atendimento de crianças com “dificuldades de aprendizagem”, consideradas inaptas dentro do sistema educacional convencional (...) no momento atual, à luz de pesquisas psicopedagógicas que vêm se desenvolvendo, inclusive no nosso meio, e de contribuições da área da Psicologia, Sociologia, Antropologia, Linguística, Epistemologia, o campo da Psicopedagogia passa por uma reformulação. De uma perspectiva puramente clínica e individual busca-se a compreensão mais integradora do fenômeno da aprendizagem e uma atuação de natureza mais preventiva. (BOSSA, 2011, P.27)
As queixas referentes às dificuldades de aprendizagens estão ligadas a conflitos emocionais que são manifestados internamente e a não aprendizagem, muitas vezes, está implicada a aspectos traumáticos que marcaram, em algum momento, a vida da criança. Nesse sentido, as escolas têm deficiências em saber as causas das dificuldades de aprendizagens apresentadas pelas crianças. Uma das formas pelas quais o Psicopedagogo atua diante das dificuldades de aprendizagem é através da avaliação psicopedagógica.                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                           
Entende-se como atendimento psicopedagógico clínico a investigação e a intervenção para que compreenda o significado, a causa e a modalidade de aprendizagem do sujeito, com o intuito de nanar suas dificuldades. A marca diferencial entre o psicopedagogo e outros profissionais é que seu foco é o vetor da aprendizagem, assim como o neurologista prioriza o aspecto orgânico; o psicólogo, aa “psique”; o pedagogo, o conteúdo escolar. (BOSSA, 2011, P. 103)
De acordo com Ferreira (2002) Existem seis fases bastante definidas no processo de atuação do psicopedagogo, as quais podem ser assim definidas, nesse processo.
Avaliação psicopedagógica é um processo de apoio às decisões tomadas a respeito da situação escolar dos alunos. É um processo contínuo, que tem a função de melhorar o desenvolvimento e atuação de cada aluno, direcionando melhor as decisões a serem tomadas no processo ensino-aprendizagem e complementando a avaliação escolar.

Atualmente, a Psicopedagogia refere-se a um saber e um saber fazer, às condições subjetivas e relacionais – em especial familiares e escolares –, a inibições, atrasos e desvios do sujeito ou grupo a ser diagnosticado. O conhecimento psicopedagógico não se cristaliza em uma delimitação fixa nem nos déficits e nas alterações subjetivas do aprender, mas avalia a possibilidade do sujeito, a disponibilidade afetiva de saber e de fazer, reconhecendo que o saber é próprio do sujeito. (BOSSA, 2011, P. 46)

O aproveitamento da informação que a escola já possui sobre o aluno é                                                                                                                                                                                                                                 considerado o ponto de partida para a avaliação psicopedagógica. Para o primeiro contato com a família, poder comparar as informações que foram passadas à sua ficha pessoal sobre o desempenho e dificuldades esplanadas pelo professor.
A categoria “dificuldades de aprendizagem” é tratada como sintoma e abarca conceitos como dificuldades de aprendizagem escolar, distúrbios de aprendizagem escolar, problemas específicos da aprendizagem escolar, déficit de atenção, transtorno de leitura, transtorno de escrita, dislexia e outros. Da mesma forma, a instituição escola é parte integrante do nosso objeto de investigação. (BOSSA, 2011, P. 199)                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                      
Na Educação Infantil, são pontuados os hábitos, atitudes do cotidiano da criança, normas, relações, capacidades relativas à comunicação, expressão e compreensão da linguagem, desenvolvimento motor, memória e atenção.
No Ensino Fundamental, considera-se a autonomia da criança e relação à organização pessoal, hábitos de higiene, capacidades de linguagem, habilidades motoras, tarefas escolares, deveres de casa, atitudes em relação à família, adultos e a dependência ou independência nas relações sociais.
E no Ensino Médio, são consideradas informações espontâneas sobre a família, a escola, amigos, interesses, problemas, aceitação e cumprimento de normas, atitudes em casa, autonomia e relações sociais.
A avaliação da situação inicial é realizada após a solicitação de intervenção e se orienta pelas informações já obtidas pela queixa na solicitação da avaliação psicopedagógica. Registros são feitos para a próxima análise e as decisões a serem tomadas facilitando a intervenção de ajuda psicopedagógica que poderá ser realizada em três etapas que são: a observação em sala de aula, para obter informação de como se desenvolve a dinâmica da aula em seu conjunto, a análise do trabalho dos alunos: correções, anotações, comentários escritos e a análise comparativa acompanhando a evolução da aprendizagem ao longo do curso, para introduzir mudanças que sejam necessárias.
Após as fases anteriores, passa-se a buscar informações sobre a capacidade do aluno nas diferentes áreas do currículo e em relação a diferentes capacidades e habilidades. Através das provas psicopedagógicas essas informações são facilitadas e é possível observar o estilo de aprendizagem e dificuldades em progredir na escolaridade de cada aprendente. E além da vida escolar, essas provas observam o relacionamento familiar e social.
Uma devolutiva é encaminhada aos professores, iniciando-se com uma avaliação positiva do aluno, salientando suas capacidades, projetando-se e planejando-se as ações educativas necessárias, enfatizando a explicação da situação do aluno no contexto escolar. A devolutiva acontece em resumo escrito da avaliação com orientações sobre o trabalho que deve iniciar, bem como a função de cada um dos envolvidos nessas ações e programando-se reuniões de acompanhamento posterior.
Em mais uma fase, a informação aos pais ou responsáveis legais acontece com as conclusões da avaliação psicopedagógica e quais as decisões que serão tomadas pelo professor com relação ao aprendente. Essas entrevistas familiares devem ser realizadas preferencialmente pelo professor.
O acompanhamento acontece na revisão do processo educativo, apresentação de sugestões sobre as adaptações a serem feitas no currículo para ações posteriores, envolvendo toda a comunidade escolar e familiar favorecendo e respeitando diferenças individuais e promovendo aprendizagens mais significativas.
A função principal da intervenção psicopedagógica é colaborar com as equipes de professores para efetivar a melhoria da qualidade da educação garantindo a aprendizagem ao educando conhecendo a forma como ele aprende.

...Os verbos “ler” e “escrever” deixaram de ter uma definição imutável: não designavam mais (e tampouco designam hoje) atividades homogêneas. Ler e escrever são construções sociais. Cada época e cada circunstância histórica dão novos sentidos a esses verbos. (FERREIRO, 2002, p.13)

4 – CONCLUSÃO

Hoje, o psicopedagogo é um profissional qualificado para trabalhar com a prevenção e detenção de dificuldades e ou problemas de desenvolvimento pessoal e de aprendizagem que o aprendente possa apresentar.
Lidar com o insucesso escolar é uma tarefa complexa e desafiadora para a qual não se tem uma resposta acabada e pronta, o que aponta para a necessidade de buscar alternativas que possam minimizar tal situação, mas temos no Psicopedagogo um profissional do conhecimento trans/inter/multidisciplinar, que aplica conhecimentos considerando as realidades tanto internas como externas da aprendizagem. Por isso, concluiu-se que o Psicopedagogo é necessário ao desenvolvimento do educando, com uma escuta e um olhar mais sensível quanto às demandas de professores, alunos e famílias. A intervenção do psicopedagogo não termina na escola ou na sala de aula. Ela estende-se a família.

Falar sobre Psicopedagogia é necessariamente, falar sobre a articulação entre educação e psicologia, articulação essa que desafia a estudiosos e práticos dessas duas áreas. Embora quase sempre presente no relato de inúmeros trabalhos científicos que tratam principalmente dos problemas ligados à aprendizagem, o termo Psicopedagogia não consegue adquirir clareza na sua dimensão conceitual. (BOSSA 1992, P. 10)

Assim, a Psicopedagogia tem um importante papel na vida da criança que apresenta necessidades e demanda cuidados, pois, enquanto aprende na escola, compreendendo que o desenvolvimento cognitivo de uma criança é uma longa fileira de transformações, de transgressões de uma atividade dominante para outra, é um diálogo que ela estabelece com o seu futuro, com o caminho que vai trilhar e com os recursos e possibilidades que o meio lhe oferece.
Para finalizar, poderíamos observar que, na medida em que avançamos na produção científica do nosso campo teórico, o sujeito da Psicopedagogia tem assumido contornos mais específicos. Não se trata do sujeito epistêmico de Piaget, do sujeito inconsciente de Freud, do sujeito cindido de Lacan, e outros, porém estamos tratando de resgatar um sujeito total: não a soma, mas sim a articulação desses sujeitos ou fragmentos, em um novo desenho, mais coerente com o pensamento científico atual. (BOSSA, 2011, P.232)


5 – REFERÊNCIAS


BASSEDAS, E. et al. Intervenção educativa e diagnóstico psicopedagógico. 3ª ed. Porto Alegre: ARTMED, 1996.
BOSSA, N. A. A psicopedagogia no Brasil. 4ª ed. Rio de Janeiro, WAK 2011.
FERREIRA, Renata T. da S. A importância da psicopedagogia no ensino fundamental – 1ª a 4ª séries.
FERREIRO, Emília. Passado e presente dos verbos ler e escrever. São Paulo: Cortez, 2002.

MARIANTE, Maria Alvina Pereira. Psicopedagogia online. Disponível em HYPERLINK  http://www.psicopedagogia.com.br/artigos/artigo.
MONERO, Carlos; SOLÉ, Isabel et al. O assessoramento psicopedagógico: uma perspectiva profissional e construtivista. Porto Alegre: Artes Médicas Sul, 2000.
MORAIS, Arthur Gomes de. Ortografia: ensinar e aprender. 4ª ed. São Paulo: Ática, 2000.
NEVES, M. A. Psicopedagogia: um só termo e muitas significações. In Boletim da Associação Brasileira de Psicopedagogia, v.10, n.21, 1991.
WEISS, M. L. L. Psicopedagogia clínica: uma visão diagnóstica dos problemas de aprendizagem escolar. 4ª ed. Rio de Janeiro: DP&A, 1997.

Poema


sexta-feira, 1 de fevereiro de 2013

Pensamentos

Ao fim de tarde,
Os pensamentos vêm...
Ao cair da noite,
Os pensamentos vêm...
E a noite adentra,
E os pensamentos lá...
Esperando o sol raiar.

sexta-feira, 16 de novembro de 2012

PROBLEMAS DE APRENDIZAGEM E A INTERVENÇÃO PSICOPEDAGÓGICA



PROBLEMAS DE APRENDIZAGEM E A INTERVENÇÃO PSICOPEDAGÓGICA

Helena Maria Ferreira

O presente artigo é uma pesquisa científica com bases teóricas acerca das dificuldades de aprendizagem e a intervenção psicopedagógica, buscando caminhos para compreender as formas de aprendizagem e meios para sanar essas dificuldades, tornando o educando uma pessoa mais feliz.
A partir dos anos de 1980, a Psicopedagogia veio resgatar uma visão mais abrangente e globalizante do processo de aprendizagem humana e os problemas decorrentes desse processo.
Não é fácil encontrarmos uma definição completamente clara e abrangente para explicar o que é “problema de aprendizagem”.
Segundo Sara Pain (1992, p.11), o processo de aprendizagem se inscreve na dinâmica da transmissão da cultura, que constitui a definição mais ampla da palavra educação.
E à educação atribuímos quatro funções interdependentes: função mantenedora, função socializadora, função repressora e função transformadora. Sendo assim, o sujeito que não aprende, não realiza essas funções da educação. A psicopedagogia é a técnica de condução do processo de aprendizagem, levando a cumprir os fins educativos.
As perturbações da aprendizagem são aquelas que interferem nesse processo de aprendizagem impedindo ao sujeito usufruir de suas possiblidades cognitivas.
Nas dimensões do processo de aprendizagem observamos que o conhecimento é adquirido na formação hereditária, de acordo com o meio onde se vive e por meio de experiências vividas. E nessas três dimensões se completa a aprendizagem humana.
De acordo com alguns estudiosos, a aprendizagem humana é um processo integrado que provoca a transformação qualitativa na estrutura mental do sujeito que aprende. O ser humano já nasce com potenciais de aprendizagem e necessitam de estímulos internos e externos para o aprendizado.
O sujeito e o objeto não são dados como instâncias originariamente separadas. Pelo contrário, eles se discriminam justamente em virtude da aprendizagem e do exercício. À medida que exerce sua atividade sobre o mundo, o bebê pode construir apesar das transformações, objetos permanentes, entidades diferentes dele e idênticas  a si mesmas; por outro lado, tal atividade o define como agente e o determina, em primeiro lugar, pelo seu poder, como capacidade de ação. Portanto, podemos falar de condições externas e internas da aprendizagem apenas no sentido descritivo, já que nem sua genética na ação nem seu funcionamento dialético permitem a adoção do esquema estímulo-resposta que tal dicotomia sugere. (Pain, Sara. Diagnóstico e Tratamento dos Problemas de Aprendizagem. Ed. Artes Médicas; Porto Alegre. 1992, p.21).

O problema de aprendizagem é considerado um sintoma, sendo que, não é um quadro permanente, podendo ser passível de transformação.
Podemos definir alguns fatores que interferem na aprendizagem que devem ser considerados no diagnóstico. São eles:
·        Fatores orgânicos;
·        Fatores específicos;
·        Fatores psicógenos;
·        Fatores ambientais.

a)      Os fatores orgânicos (fatores fisiológicos) - Estes sistemas são ligados ao sistema nervoso central. Quando sadio, possui ritmo, plasticidade e equilíbrio, garantindo harmonia nas mudanças. Porém, quando há lesões ou desordens corticais comprometendo assim, a aprendizagem (apraxias, afasias, certas dislexias).
b)      Fatores específicos – Estão intimamente ligados na área perceptivo-motora, e na lateralidade do sujeito. Esses transtornos aparecem no nível da aprendizagem da leitura e da escrita. Nestes casos o tratamento psicopedagógico alcança êxito, desde que seja diagnosticado corretamente esse transtorno de aprendizagem que se denomina como dislexia (dificuldade para aprender ler e/ou escrever).
c)      Fatores psicógenos  - Ligados à estruturação da formação da personalidade (Id, ego e superego). O fator psicógeno do problema de aprendizagem pode ser confundido com sua significação e o não aprender é constituído como inibição ou como sintoma. Um exemplo de problema de aprendizagem ligado a esse fator é a disortografia.
d)      Fatores ambientais – Estímulos que constituem a aprendizagem e o meio ambiente material do sujeito. O problema de aprendizagem se apresenta de acordo com a ideologia e valores do grupo ao qual está inserido.
À luz de várias contribuições, de diversas áreas do conhecimento como a Psicologia, Linguística, Psicolinguística, Sociologia, antropologia, a Psicopedagogia encontra diferentes abordagens para os problemas de aprendizagem.
Podemos destacar a contribuição de Emília Ferrero, seguidora do pensamento piagetiano, buscando novos caminhos e olhares para o entendimento da leitura e da escrita. Ela ainda contribui com as teorias desafiadoras de transformar o espaço de aprendizagem em um espaço construtivista. Onde, os “erros dos alunos” são transformados em objetos de construção do conhecimento.
Não desconsiderando o valor real dos testes diagnósticos de alguns problemas de aprendizagem, uma vez que Vygotsky através da teoria da zona proximal, onde o ambiente social das crianças é considerado e essa concepção, passa a ser um momento privilegiado no processo de desenvolvimento da criança. E podemos assim, apostar nas capacidades das crianças, considerando mais suas qualidades do que seus defeitos.
Visca (1991) concebe a aprendizagem como um processo com a interferência de aspectos emocionais, cognitivos, biológicos e sócias. Para ele, existem níveis de aprendizagem que iniciam com o nascimento e se estendem até à morte. Esses níveis são denominados: proto-aprendizagem, dêutero-aprendizagem, aprendizagem assistemática e aprendizagem sistemática.
a)      Proto-aprendizagem – Caracteriza-se pelos primeiros contatos com a mãe.
b)      Dêutero-aprendizagem – Caracteriza-se pelas relações da criança com os objetos e ambiente que a rodeiam.
c)      Aprendizagem assistemática e aprendizagem sistemática – Caracterizam-se pelas interações do indivíduo com a sociedade e com as instituições educativas.
Para Pain (1985), a aprendizagem depende da articulação de fatores internos e externos ao sujeito. De acordo com a autora a aprendizagem apresenta três funções: socializadora, repressiva e transformadora.
a)      Função socializadora – Submete-se às normas e regras identificando-se com o grupo social ao qual pertence.
b)      Função repressiva – Garantindo-se em sobrevivência ao sistema que rege a sociedade.
c)      Função transformadora – Permite ao sujeito uma participação na sociedade, na perspectiva de transformá-la.
Visca e Pain oferecem valiosas contribuições à Psicopedagogia por apresentarem uma concepção mais completa e abrangente do ser humano, evidenciando a necessidade multidisciplinar na ação psicopedagógica.
O processo de aprendizagem na abordagem de Piaget, com a teoria da equilibração, trata de maneira trata de um ponto de equilíbrio entre a assimilação e a acomodação. Considerado como um mecanismo regulador que assegura a interação eficiente do sujeito com o meio ambiente.
Piaget (1975) define que, o equilíbrio cognitivo implica afirmar a presença necessária de acomodações nas estruturas do cérebro. No processo de desenvolvimento, tal como é visto por Piaget, cada criança se desenvolve através de estágios. O autor distingue três estágios fundamentais:

a) Sensório motor – que vai do nascimento até os 2 anos de idade. Sendo que neste estágio a criança evolui no entendimento do mundo exterior em relação a si própria.

b) Operações concretas – estende-se dos 2 aos 11 anos de idade e subdivide-se em pensamento pré-operacional (de 2 a 7 anos) e pensamento operacional concreto. Concretiza-se na preparação e na realização das operações concretas em classes, relações e números.
c) Operações formais – de 11/12 até 14/15 anos. Período no qual o adolescente ajusta-se à realidade completa de sua atualidade, tornando-se capaz de lidar com o mundo das possibilidades.
Os períodos ou estágios da teoria de Piaget não constituem divisões arbitrárias do processo evolutivo. Cada um deles possui características mínimas que o define.
A teoria de aprendizagem de Jean Piaget alertou os educadores para o respeito ao estágio de desenvolvimento do pensamento infantil, adequando as atividades escolares às características evolutivas das crianças.
Os interacionistas Jean Piaget e Lev Vygotsky se tornaram expoentes referenciais na Pedagogia contemporânea.
Piaget acredita que a aprendizagem se dá através do desenvolvimento, minimizando o papel de interação social e Vygotsky privilegia o ambiente social como fator de desempenho da aprendizagem, apesar de acreditar que a construção do conhecimento e o desenvolvimento também têm participação no processo de aprendizagem.

          Para Vygotsky, a cultura molda o psicológico, determinando a maneira de pensar do sujeito. Pessoas de diferentes culturas têm diferentes perfis psicológicos. As funções psicológicas de uma pessoa são desenvolvidas ao longo do tempo e mediadas pelo social, através de símbolos criados pela cultura. A linguagem representa a cultura e depende do intercâmbio social. Os conceitos são construídos no processo histórico e o cérebro humano é resultado da evolução. As aprendizagens são construídas e internalizadas de maneira não linear e diferente para cada pessoa, onde o cotidiano está sempre em movimento e em transformação.
De acordo com Ferreiro, imaturidade, prontidão, habilidades motoras e perceptuais deixam de ter sentido isoladamente. Os aspectos motores, cognitivos e afetivos são importantes, à medida que são tratados no contexto da realidade sócio cultural das crianças. “Hoje a perspectiva construtivista considera a interação de todos eles, numa visão política, integral, para explicar a aprendizagem” diz Ferreiro.
As dificuldades de aprendizagem mais comuns são: a dislexia a disgrafia, a discalculia, a dislalia, a disortografia e o TDAH (Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade).

a)      Dislexia: é a dificuldade que aparece na leitura. A criança faz trocas ou omissões de letras, inverte sílabas, apresenta leitura lenta, apresentando dificuldades para ler um texto fluentemente. Estudiosos afirmam a dislexia é causada por fatores genéticos, mas, ainda não foi comprovado pela medicina.
b)       Disgrafia: geralmente vem associada à dislexia, porque a criança faz trocas e inversões de letras e consequentemente encontra dificuldade na escrita. Além disso, está associada a letras mal traçadas e ilegíveis e apresenta desorganização ao produzir um texto.
c)       Discalculia: é a dificuldade para cálculos e números. Geralmente os portadores dessa dificuldade não identificam os sinais das quatro operações e não sabem usá-los. Não compreendem os enunciados de problemas, não conseguem quantificar, comparar e consegue fazer sequências lógicas. Esse problema é um dos mais complexos e mais difíceis de diagnosticar.
d)       Dislalia: é a dificuldade na emissão da fala, apresentando pronúncia errada das palavras, com trocas de fonemas e sons errados, tornando-as confusas. É uma dificuldade mais manifestada em pessoas com problemas no palato, flacidez na língua ou lábio leporino.
e)      Disortografia: é a dificuldade na linguagem escrita e também pode manifestar-se como consequência da dislexia. As principais características da disortografia são: troca de grafemas, desmotivação para escrever, aglutinação ou separação indevida das palavras, falta de percepção e compreensão dos sinais de pontuação e acentuação.
f)        TDAH: O Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade é um problema de ordem neurológica, manifestando sinais evidentes de inquietude, desatenção, falta de concentração e impulsividade. É comum vermos crianças e adolescentes sendo rotulados como hiperativos. Por isso, é importante que esse diagnóstico seja feito por um médico neurologista e outros profissionais.
E ao decorrer das pesquisas, em uma abordagem geral, podemos traçar o somatório de todos os fatores que influenciam a aprendizagem, abrindo um leque de possibilidades de estudo para se diagnosticar os problemas de aprendizagem.
            E dentro da visão acadêmica atual, podemos classificar essas dificuldades de aprendizagem nos fatores: biológicos, sociais, psicológicos e fatores pedagógicos. E que cada um desses fatores é objeto de estudo de cada uma dessas áreas. Dá-se então, a importância de cada especialista para o atendimento da criança com dificuldades de aprendizagem.
Cada pessoa é única. Cada vida tem sua própria história. É preciso conhecer a criança e como ela aprende. O psicopedagogo ajuda a promover mudanças, intervindo diante das queixas da escola, trabalhando com os erros e acertos, resgatando o desejo de aprender.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
1.      FERREIRO, Emilia & TEBEROSKY, Ana. Psicogênese da Língua Escrita. Artes Médicas, Porto Alegre, 1986.
2.      FERREIRO, Emilia. Alfabetização em Processo. Ed. Cortez. São Paulo. SP.
3.      FERNANDEZ, Alicia. A Inteligência Aprisionada. Ed. Artes Médicas. Porto Alegre.
4.      SCOZ, Beatriz. Psicopedagogia e Realidade Escolar – o problema escolar e de aprendizagem. Ed. Vozes. Petrópolis, 1994.
5.      PAIN, Sara. Diagnóstico e Tratamento dos Problemas de Aprendizagem. Ed. Artes Médicas. Porto Alegre, 1994.