segunda-feira, 15 de março de 2010

Poema

CREPÚSCULO

Helena Ferreira


Despertando sob o sol
Navegantes perdidos
Ousam acreditar
Que os deuses ali vão morar
Os raios de sol no crepúsculo
Parecem que saem do mar
Por vitrais coloridos
Cintilam nas leves ondas do mar
E o sol caminha por trás dos montes
E por alguns instantes
Por montanhas verdejantes
Visitando horizontes
Agora em outro lugar
E como em um cochilo a noite cai
Crepúsculo cedendo ao encanto da escuridão
Sustentando as cores em profusão
Entre o esplendor de cálidas tonalidades
Ofuscando o sol no seu poente
Tocando os olhos, a alma e o coração
Em um suspiro inocente.

domingo, 7 de março de 2010

As condições atuais da Educação Inclusiva em nosso país

As condições atuais da Educação Inclusiva em nosso país

Helena Maria Ferreira

A educação é o principal alicerce da vida social. Ela transmite e amplia a cultura, estende a cidadania, constrói saberes para o trabalho. Mais do que isso, ela é capaz de ampliar, as margens da liberdade humana, a medida que a relação pedagógica, adote como compromisso e horizonte ético-político, a solidariedade e a emancipação.
No desempenho da função social transformadora, que visa a construção de um mundo melhor para todos, a educação escolar tem a tarefa clara em relação a diversidade humana: trabalhá-la como fator de crescimento de todos no processo educativo.
Se o nosso sonho e o nosso empenho são por uma sociedade mais justa e livre, precisamos trabalhar, desde a escola, o convívio e valorização das diferenças, base para uma verdadeira cultura da paz.
Percorrendo os períodos da história universal, desde os mais remotos tempos, evidenciam-se teorias e práticas sociais segregadoras, inclusive quanto ao acesso ao saber. Poucos podiam participar dos espaços sociais nos quais se transmitiam e se criavam conhecimentos. A pedagogia da exclusão tem origens remotas, condizentes com o modo como estão sendo construídas as condições de existência da humanidade em determinado momento histórico.

Em todo mundo, durante muito tempo, o ‘diferente’ foi colocado à margem da educação: o aluno com deficiência particularmente, era atendido separado, ou então, simplesmente excluído do processo educativo, com base em padrões de normalidade. A educação especial quando existente também mantinha-se apartada em relação a organização e provisão de serviços educacionais.
Na era atual, batizada como a era dos direitos, pensa-se diferentemente acerca das necessidades educacionais de alunos. A ruptura com a ideologia da exclusão proporcionou a implantação da política de inclusão, que vem sendo debatida e exercitada em vários países, entre eles o Brasil. Hoje, a legislação brasileira posiciona-se pelo atendimento dos alunos com necessidades educacionais especiais preferencialmente em classes comuns das escolas, em todos os níveis, etapas e modalidades de educação e ensino.

De acordo com as palavras do Ministro da Educação Paulo Renato de Souza, o caminho para alcançarmos a escola inclusiva, também precisa ser inclusivo entre União, Estado e Município.
"Os programas de formação inicial deverão incutir em todos os professores da educação básica uma orientação positiva sobre a deficiência que permita entender o que se pode conseguir nas escolas com serviços locais de apoio. Os conhecimentos e as aptidões requeridos são basicamente os mesmos de uma boa pedagogia, isto é, a capacidade de avaliar as necessidades especiais, de adaptar o conteúdo do programa de estudos, de recorrer à ajuda da tecnologia, de individualizar os procedimentos pedagógicos para atender a um maior número de aptidões... Atenção especial deverá ser dispensada à preparação de todos os professores para que exerçam sua autonomia e apliquem suas competências na adaptação dos programas de estudos e da pedagogia, a fim de atender às necessidades dos alunos e para que colaborem com os especialistas e com os pais".(ONU).
A educação tem hoje, portanto, um grande desafio: garantir o acesso aos conteúdos básicos que a escolarização deve proporcionar a todos os indivíduos – inclusive àqueles com necessidades educacionais especiais, particularmente alunos que apresentam altas habilidades, precocidade, superdotação; condutas típicas de síndromes/quadros psicológicos, neurológicos ou psiquiátricos; portadores de deficiências, ou seja, alunos que apresentam significativas diferenças físicas, sensoriais ou intelectuais, decorrentes de fatores genéticos, inatos ou ambientais, de caráter temporário ou permanente e que, em interação dinâmica com fatores socioambientais, resultam em necessidades muito diferenciadas da maioria das pessoas.
Embora a inclusão da criança com deficiência na escola regular não seja um fato novo, principalmente em âmbito mundial, é a partir de 1994, com a publicação pela ONU da chamada Declaração de Salamanca sobre princípios, políticas e prática em educação especial, que o termo Educação Inclusiva ganha força, e coloca-se como meta dos países signatários da Declaração, inclusive o Brasil.
A base do chamado paradigma de Inclusão está na crença de que a diversidade é parte da natureza humana, a diferença não é um problema, mas uma riqueza. Uma sociedade democrática é uma sociedade para todos; uma escola democrática é uma escola para todos. Inclusão é, antes de tudo, uma questão de ética.
E quem ganha com a inclusão? Ganham todos. Ganham as crianças com deficiência, que têm a oportunidade de usufruir de um recurso de sua comunidade, de vivenciar a riqueza do espaço escolar, de conviver com parceiros que lhes oferecem modelos de ação e aprendizado impensáveis em uma educação segregada.
Ganham também as outras crianças, que aprendem a conviver com a diversidade, aprendem a respeitar e a conviver com a diferença. Serão, certamente, adultos muito melhores, muito mais flexíveis.
Ganham os educadores, que enriquecem sua formação e sua prática, pelo crescimento que o desafio de educar a todos lhes proporciona.
Ganham as famílias, que passam a ver seu filho como um cidadão que tem direito de partilhar dos recursos de sua comunidade.
Ganha, em última instância, a comunidade como um todo, que se torna um espaço mais democrático, que entende que todos os seus membros são igualmente dignos.
Então, entende-se que a escola também como um todo tem que estar empenhada na educação inclusiva, desde o porteiro até o diretor, juntamente com as famílias.