A indisciplina na escola
Ferreira, Helena
A educação está em crise. E essa crise é causadora de vários fatores que tornam evidente o insucesso, a evasão, a inadequação comportamental, o “fracasso escolar”.
Qualquer pessoa ligada às práticas escolares contemporâneas, seja como educador, seja como educando, ou público mais geral (pais, comunidade), consegue ter uma razoável clareza quanto àquilo que nos acostumamos a reconhecer como a "crise da educação".
Convenhamos, não é estranho e contraditório que, dependendo do quesito (o econômico ou o político), os brasileiros apreciem ser comparados aos europeus ou asiáticos, e no quesito educacional, nós sejamos forçados a nos alocar no mesmo patamar de países castigados da África? Índices de evasão escolar e retenção do aluno mostram que a situação do Brasil não é bem diferente do Sudão e da Nigéria.
Com dados tão alarmantes a própria imagem social da escola se compromete, como também a dos professores que têm sua credibilidade acometida.
Pois bem, quando alguém se propõe a investigar as razões do fracasso que ronda a todos nós, ultimamente tem aparecido, dentre as muitas razões alegadas pelos educadores (desde as ligadas à esfera governamental até aquelas de cunho social), uma figura muito polêmica: o "aluno-problema".
O aluno-problema é tomado, em geral, como aquele que padece de certos supostos "distúrbios psico/pedagógicos"; distúrbios estes que podem ser de natureza cognitiva (os tais "distúrbios de aprendizagem") ou de natureza comportamental, e nessa última categoria enquadra-se um grande conjunto de ações que chamamos usualmente de "indisciplinadas". Dessa forma, a indisciplina e o baixo aproveitamento dos alunos seriam como duas faces de uma mesma moeda, representando os dois grandes males da escola contemporânea, geradores do fracasso escolar, e os dois principais obstáculos para o trabalho docente.
Temos algumas hipóteses que sustentam tais argumentos:
A HIPÓTESE EXPLICATIVA: O ALUNO "DESRESPEITADOR": aquela que diz que o aluno de hoje é menos respeitador.
A HIPÓTESE EXPLICATIVA: O ALUNO "SEM LIMITES": a responsabilidade é dos pais, que não conseguem controlar seus filhos.
A HIPÓTESE EXPLICATIVA: O ALUNO "DESINTERESSADO": a sala de aula não é atrativa porque o aluno tem outros meios de comunicação mais atrativos.
Essas três hipóteses explicativas cometem um engano, já de largada, que é o de tomar a disciplina como um pré-requisito para a ação pedagógica, quando, na verdade, a disciplina escolar é um dos produtos ou efeitos do trabalho cotidiano de sala de aula. E todos sabemos disso de alguma maneira, por mais que evitemos o peso dessa constatação.
O aluno não pode ser rotulado por meio de hipóteses e o profissional da educação é responsável pela atratividade e participação de seu aluno, procurando ajuda externa para casos devidamente de caráter psicológico ou neurológico. As outras causas deverão ser resolvidas no espaço da sala de aula, como inserir seu aluno no processo de aprendizagem e interação.