sexta-feira, 16 de novembro de 2012

A DISLEXIA PELO OLHAR DO PSICOPEDAGOGO



A DISLEXIA PELO OLHAR DO PSICOPEDAGOGO

Helena Maria Ferreira

RESUMO

A Dislexia refere-se a uma dificuldade de aprendizagem relacionada à linguagem. Normalmente, quando se ouve a palavra dislexia pensa-se apenas em problemas que crianças apresentam na escola com leitura, escrita, ortografia e matemática. Alguns associam a dislexia apenas à troca de letras ou palavras, outros à lentidão de aprendizagem. Quase todos a consideram uma forma de transtorno da aprendizagem. Na verdade, isso é apenas um aspecto da dislexia. Dislexia, antes de qualquer definição, é um jeito de ser e de aprender, reflete a expressão individual de uma mente, muitas vezes arguta e até genial, mas que aprende de maneira diferente.

ABSTRACT

Dyslexia, refers to a learning related to the language. Usually, when you hear the word dyslexia is thought that only
children have problems in school with reading, writing, spelling and mathematics. Some associate dyslexia only the exchange of letters or words, others to slow learning. Almost all consider it a form of learning disorder. Actually, this is just one aspect of dyslexia. Dyslexia, before any definition, is a way of being and learning, reflects the individual expression of a mind, often clever and even brilliant, but who learns differently.


PALAVRAS CHAVE
Dislexia – Dificuldades em Aprendizagem - Psicopedagogo - Intervenção

INTRODUÇÃO
O psicopedagogo é um dos profissionais que faz parte do grupo multidisciplinar de avaliação da dislexia, logo, é relevante focar o estudo na concepção psicopedagógica, pela sua importância na instituição escolar, bem como na avalião diagnóstica e no tratamento de alunos disléxicos.

A Psicopedagogia trabalha e estuda o processo de aprendizagem e suas dificuldades, contribuindo na recuperação das habilidades cognitivas, emocionais, sociais, visando o sucesso nos diversos contextos em que atua.

O desenvolvimento de uma pesquisa sobre a dislexia, bem como o interesse, em aprofundar estudos na área da psicopedagogia, motivaram a realização deste estudo.

A dislexia é um transtorno genético e hereditário da linguagem, de origem neurobiológica, que se caracteriza pela dificuldade de decodificar o estímulo escrito ou o símbolo gráfico. A dislexia compromete a capacidade de aprender a ler e escrever com correção e fluência e de compreender um texto. Em diferentes graus, os portadores desse defeito congênito não conseguem estabelecer a memória fonêmica, isto é, associar os fonemas às letras.
A causa do distúrbio é uma alteração cromossômica hereditária, o que explica a ocorrência em pessoas da mesma família. Pesquisas recentes mostram que a dislexia pode estar relacionada com a produção excessiva de testosterona pela mãe durante a gestação da criança.
De acordo com Vygotsky (1992), todas as atividades cognitivas básicas do indivíduo ocorrem de acordo com sua história social e acabam se constituindo no produto do desenvolvimento histórico-social de sua comunidade. Neste processo de desenvolvimento cognitivo, a linguagem tem papel crucial na determinação de como o sujeito vai aprender a pensar, uma vez que formas avançadas de pensamento são transmitidas à criança através de palavras.
Sinais Comuns de Dislexia
Na educação infantil:
Falar tardiamente, dificuldade para pronunciar alguns fonemas, demorar a incorporar palavras novas ao seu vocabulário, dificuldade para rimas, dificuldade para aprender cores, formas, números e escrita do nome, dificuldade para seguir ordens e seguir rotinas, dificuldade na habilidade motora fina, dificuldade de contar ou recontar uma história na sequência certa e dificuldade para lembrar nomes e símbolo.

Na alfabetização:
Dificuldade em aprender o alfabeto, dificuldade no planejamento motor de letras e números, dificuldade para separar e sequenciar sons (ex: p – a – t – o), dificuldade com rimas (habilidades auditivas), dificuldade em discriminar fonemas homorgânicos (p-b, t-d, f-v, k-g, x-j, s-z), dificuldade em sequência e memória de palavras, dificuldade para aprender a ler, escrever e soletrar, dificuldade em orientação temporal (ontem – hoje – amanhã, dias da semana, meses do ano), dificuldade em orientação espacial (direita – esquerda, embaixo, em cima), dificuldade na execução da letra cursiva, dificuldade na preensão do lápis, dificuldade de copiar do quadro.

Sintomas
Os sintomas variam de acordo com os diferentes graus de gravidade do distúrbio e tornam-se mais evidentes durante a fase da alfabetização.
Muitas vezes a dislexia é confundida com déficit de atenção, problemas psicológicos, ou mesmo preguiça. Esse transtorno se caracteriza pela dificuldade do indivíduo em decodificar símbolos, ler, escrever, soletrar, compreender um texto, reconhecer fonemas, exercer tarefas relacionadas à coordenação motora; e pelo hábito de trocar, inverter, omitir ou acrescentar letras/palavras ao escrever.
Essa dificuldade para realizar esse processo acomete especialmente crianças com dislexia de desenvolvimento que não conseguem elaborar o mapa entre os sons de determinadas palavras e as letras que as constituem quando escritas. Esse tipo de dislexia é detectado logo no início do processo de escolarização e pode acompanhar a criança por muito tempo.
Se a dislexia for discursiva, conseguem realizar esse processo, porém, se for fonológica, não conseguem.
Crianças com dificuldade de imaginar a estrutura da palavra correspondente ao som vão cometer erros, porque não têm esse mapeamento bem estabelecido.
 Como se trata de duas situações diferentes, obviamente elas merecem atenção individual e personalizada. 
Para Ferreiro e Teberosky (1999), o grande problema da aprendizagem da leitura e da escrita está baseado nos métodos de ensino, pois a preocupação dos educadores está direcionada para o método mais eficaz, considerando essa eficácia a partir da maior quantidade de alunos alfabetizados com mais rapidez, não se preocupando com a qualidade dessa aprendizagem. Nessa perspectiva, a polêmica está centrada com maior ênfase em dois tipos de métodos: os que partem de elementos menores que a palavra, denominados métodos sintéticos e, os que partem da palavra ou de unidades maiores, denominados métodos analíticos. A diferença entre os métodos resume-se nas estratégias perceptivas do que se propõe, auditiva ou visual, além das concepções do funcionamento psicológico dos sujeitos e teorias de aprendizagem diferentes. No entanto, nenhum dos métodos preocupa-se com os aspectos fundamentais da aprendizagem: a competência linguística da criança e suas capacidades cognoscentes que são as capacidades de buscar o conhecimento.
A dislexia não tem ligação com nenhum tipo de retardo ou deficiência intelectual, e não indica futuras dificuldades acadêmicas e profissionais.
Mas, em se tratando de dificuldade de aprendizagem, a criança pode apresentar um mau comportamento dentro e fora da sala de aula, quando não se sentir estimulada e participativa no ambiente escolar ou social.

Diagnóstico
O diagnóstico consiste na análise do paciente, geralmente por equipe multidisciplinar (psicólogo, fonoaudiólogo, psicopedagogo, neurologista, entre outros), excluindo outras possíveis causas. Tal avaliação permite que o acompanhamento seja feito de forma mais eficaz, já que isso leva em consideração suas particularidades individuais.
Antes de afirmar que uma pessoa é disléxica, é preciso descartar a ocorrência de deficiências visuais e auditivas, déficit de atenção, escolarização inadequada, problemas emocionais, psicológicos e socioeconômicos que possam interferir na aprendizagem.
É de extrema importância estabelecer o diagnóstico precoce para evitar que sejam atribuídos aos portadores do transtorno rótulos depreciativos, com reflexos negativos sobre sua autoestima e projeto de vida.
Quanto mais cedo for realizado o diagnóstico de dislexia, maiores serão as chances de tratamento especializado ou adequado, minimizando, assim, as consequências das dificuldades escolares e/ou sociais. Entretanto, a intervenção pode ser iniciada em qualquer idade, o que certamente tem muito a contribuir para o sucesso do indivíduo disléxico.

Tratamento
Dislexia requer tratamento multidisciplinar. O diagnóstico precoce pode evitar muitos dissabores e o comprometimento da autoestima e da socialização dessas crianças.
Ainda não se conhecendo a cura para a dislexia, o paciente deve ser auxiliado em suas limitações, permitindo uma melhora progressiva e evitando, assim, que sofra problemas sérios relacionados à autoestima e socialização.
 O tratamento exige a participação de especialistas em várias áreas para ajudar o portador de dislexia a superar, na medida do possível, o comprometimento no mecanismo da leitura, da expressão escrita ou da matemática.
Indivíduos disléxicos possuem a área lateral-direita do cérebro mais desenvolvida que a de pessoas que não possuem essa síndrome, tendo geralmente, por tal motivo, mais facilidade em questões relacionadas à criatividade, solução de problemas, mecânica e esportes.

Intervenções
A escola tem papel fundamental no trabalho com os alunos que apresentam dificuldades de linguagem.
Destacamos algumas sugestões que consideramos importantes para que ele se sinta seguro, querido e aceito pelo professor e pelos colegas: incentivar sempre, valorizar o que a criança mais gosta de fazer, atribuir tarefas, ressaltar os acertos, mostrar que ela é capaz, respeitar o seu ritmo. Lembrando que, nós não aprendemos pelo fracasso, mas sim pelos sucessos.
O monitoramento das atividades é de essencial importância através de explicações, estimulação verbal, instruções curtas e simples, utilizar a rotina diária de trabalhos (esquematizando essa rotina), para facilitar o acompanhamento das lições, procurar estratégias de leitura que facilitem a participação do disléxico. Pois, alunos disléxicos podem ser bem sucedidos em uma classe regular. O sucesso dependerá do cuidado em relação à sua leitura e das estratégias usadas.
As crianças com dificuldade de linguagem têm problemas com testes e provas e em geral, não conseguem ler todas as palavras das questões do teste e não estão certas sobre o que está sendo solicitado. Necessita mais tempo para realizar o teste e das intervenções do professor durante o mesmo, fazendo questionamentos através de perguntas que levem o aluno a pensar e ordenar as ideias, valorizando ao máximo a produção do aluno.
A leitura é uma destreza. A escrita é uma destreza. Um dos requisitos prévios para o desenvolvimento de uma destreza é o raciocínio inteligente quanto aos problemas e as tarefas que implicam e ao porq deles. Para raciocinar de modo efetivo sobre  as  tarefas  de  leitura  e  escrita,  as  crianças  precisam  formar conceitos sobre as funções comunicativas e os traços linguísticos da fala e da escrita. A escola influi favorável ou não no desenvolvimento desse aprendizado. Os métodos de ensino que por ventura  obscureçam  ou  que  ocultem  estes conceitos inibirão sua formação. Se as escolas empregam métodos e materiais que se ajustam ao desenvolvimento  conceptual  da  criança,  as  destrezas  da leitura/escrita podem desenvolver-se maneira fluida e natural. (EMÍLIA FERRERO, 1987, p.192)
O disléxico tem uma história de fracassos e cobranças que o fazem sentir-se incapaz. Motivá-lo exigirá de nós, mais esforço e disponibilidade do que dispensamos aos demais, portanto, não podemos ter receio em que nosso apoio ou atenção vá acomodar o aluno ou fazê-lo sentir-se menos responsável.
Se o disléxico não pode aprender do jeito que ensinamos, temos que ensinar do jeito que ele aprende, criando alternativas e oportunidades de aprendizagem.
Para Queirós e Sahrager (1980), “A aprendizagem é a aquisição de condutas do desenvolvimento que dependem de influências ambientais. O termo desenvolvimento neste contexto é amplo e inclui evolução, maturação e aprendizagem”.
Portanto, a escola precisa trabalhar juntamente com a família, que tem um papel de grande importância para o pleno desenvolvimento da criança disléxica. Ambos devem conhecer as características do disléxico, respeitando os seus limites e valorizando muito seu potencial.
Faz-se necessário compreender não apenas o porquê da não aprendizagem, mas o que aprender e como se desenvolve este processo. Deve-se também valorizar o conhecimento do aprendente, valorizando a sua autoestima, trabalhando com procedimentos específicos e individualizados em cada atendimento. O trabalho do psicopedagogo deve estar em sintonia com o trabalho realizado pelo professor na sala de aula juntamente com a família.
CONCLUSÃO
A dislexia, segundo Jean Dubois et al. (1993, p. 197),”é um defeito de aprendizagem da leitura, caracterizado por dificuldades na correspondência entre símbolos gráficos, às vezes mal reconhecidos e fonemas mal identificados!. A transformação dos signos escritos em signos verbais.
Assim, para a linguística, a dislexia não é uma doença, mas um fracasso inesperado (defeito) na aprendizagem da leitura, sendo, pois uma síndrome de base pedagógica e linguística.
A dislexia que persiste pode ser descrita, explicada e sofrer a intervenção psicopedagógica. A intervenção do psicopedagogo ou fonoaudiólogo vai variar conforme o tipo de dislexia: fonológica, lexical ou mista.
Vygotsky (1987) faz uma diferenciação entre processos psicológicos, superiores rudimentares e processos psicológicos avançados. Nos primeiros, ele colocaria a linguagem oral, como processo psicológico superior adquirido na vida social mais extensa e por toda a espécie, e sendo produzido pela internalização de atividades sociais, através da fala. A interação e a linguagem têm um importante destaque no pensamento de Vygotsky, uma vez que irão contribuir no desenvolvimento dos processos psicológicos, através da ação. Vygotsky substituiu os instrumentos de trabalho por instrumentos psicológicos, explicando desta forma, a evolução dos processos naturais até alcançar os processos mentais superiores, por isso, a linguagem, instrumento de imenso poder, assegura que significados linguisticamente criados sejam significados sociais e compartilhados.
A responsabilidade e seriedade do trabalho psicopedagógico com clientes disléxicos, faz com que muitos alunos propensos ao fracasso escolar sejam resgatados, através de um plano de trabalho individualizado e comprometido com o sucesso em todos os âmbitos: escolar, emocional e social.

Segundo FREITAS (2006, p.1) a atuação do psicopedagogo é uma busca constante ladeada por diversos teóricos, visando maior capacitação e compreensão do cliente/paciente disléxico. Essa busca de técnicas e estratégias de trabalho visa o que mais fará sentido ao disléxico; “objetiva em suas sessões conhecer, entender e esclarecer o mecanismo manifesto junto dele, seja através de jogos, de vivências e de discussões de temas pertinentes, buscando e permitindo o conhecimento”. A abordagem de trabalho associa o estímulo e o desenvolvimento através de métodos multissensoriais, que partem da linguagem oral à estruturação do pensamento, da leitura espontânea à discussão temática, da elaboração crítica e gerativa das ideias à expressão escrita, incorporando o processo da aprendizagem.
Entender como aprendemos e o porquê de muitas pessoas inteligentes e, até, geniais experimentarem dificuldades paralelas em seu caminho diferencial do aprendizado, é um desafio para a Ciência.
Assim, o olhar e escuta psicopedagógicos, entendem a dislexia: sob um viés integrativo, onde importam os aspectos orgânicos e psicodinâmicos do indivíduo, bem como a instituição família e sistema educacional, na figura da escola. A atuação psicopedagógica visa auxiliar a que o sujeito se beneficie com um processo de aprendizagem que lhe seja significativo e prazeroso, num nível compatível às suas reais potencialidades.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ASSOCIAÇÃO NACIONAL DE DISLEXIA - http://www.andislexia.org.br/
DUBOIS, Jean et alii. (1993). Dicionário de linguística. SP: Cultrix.
FERREIRO, Emilia; PALACIO, Margarita Gomes. Os processos de leitura e escrita: novas perspectivas. Porto Alegre: Artes Médicas, 1987.
FERREIRO, Emilia e TEBEROSKY, Ana. Psicogênese da Língua Escrita. Porto Alegre: Artes Médicas, 1999.
FREITAS, Tânia Maria de Campos. Tratamento psicopedagógico do jovem disléxico. Acesso em: 09/07/2012. Disponível em: t
p://www.dislexia.org.br>.
LEITE PINTO, Maria Alice (org.) – PEDAGOGIA, Diversas faces, múltiplos olhares. São Paulo: Olho d’Água, 2003.
VARELLA, Drauzio - drauziovarella.com.br/doencas-e-sintomas/dislexia/
 VYGOTSKY, L. S. A Formação Social da Mente. São Paulo: Editora Martins Fontes, 1984.
VYGOTSKY, L.S. Pensamento e linguagem. São Paulo: Martins Fontes, 1987.

terça-feira, 2 de outubro de 2012

POEMA



 
VIDA

Helena Ferreira


Vida...
Renova como em cada estação,
Adormece no inverno,
Floresce na primavera,
Frutifica no outono
E renasce com as chuvas de verão.

Vida...
No pôr-do-sol,
Na nascente do rio,
No canto dos pássaros
E nas folhas secas caídas pelo chão.

Vida...
Amo-te secretamente,
Entre a sombra e a alma,
No silêncio profundo que acalma,
Em um gesto ou aceno de mão.

Vida...
Retalhos de papel,
Coloridos como o arco-íris,
Palavras em poesia,
Espalhadas pelo céu.

quinta-feira, 5 de abril de 2012

Como articular a função social da escola com as especificidades e as demandas da comunidade?

 Helena Ferreira

Para compreender a função social da escola, é importante situá-la no mundo moderno, observando os múltiplos papeis exercidos por ela ao longo do tempo.
A escola sempre ocupou um papel muito importante na sociedade, no decorrer da história, socializando o saber sistematizado. No princípio era privilégio de uma pequena minoria e assumia um caráter elitista. A escola privada sempre foi destinada aos filhos dos ricos, excluindo a grande maioria. As escolas públicas existentes também eram seletas e eram pagas para estudar. Era bastante comum encontra escolas públicas de elite, como os antigos Liceus e Institutos de Educação, ainda hoje presentes nas grandes cidades brasileiras. A diferença mais importante entre as escolas do passado e as de hoje é que aquelas escolas atendiam uma minoria de alunos e as de hoje estão repletas de alunos de todas as origens, já que a grande maioria das crianças brasileiras frequenta a escola pública.
A partir do século XX mais especificamente nas décadas de 20 e 30, o acesso à escola começou a se ampliar, em contrapartida as salas de aula não comportavam o contingente de alunos nem tão pouco os professores estavam preparados para essa realidade, gerando problemas de “qualidade” que persistem até os nossos dias. Surge a legislação brasileira e a LDB, todavia, sempre houve um descompasso entre as determinações legais e a realidade onde a escola estava inserida.
Neste cenário, a escola exercia a função social como responsável pela transmissão do saber sistematizado, modificando-se conforme as demandas da sociedade da época.
Já segunda metade do século XX, o grande desafio apresentado é o de integrar consciente e criticamente a escola, seus alunos e professores no universo da sociedade do conhecimento. Assim, mais do que nunca, o que se exige do educando, nesse novo milênio é a sua capacidade de entender as mudanças, identificar problemas e as condições delas decorrentes, apontando alternativas educacionais que possibilitem uma educação pautada sob os princípios que norteiam a educação: aprender a conhecer, fazer, conviver e ser objetivando, sobretudo, o pleno desenvolvimento do ser humano enquanto cidadão. Trata-se, portanto, de romper com paradigmas que estão arraigados e com metodologias ultrapassadas, e a escola não é mais concebida como detentora do saber, pois hoje há um reconhecimento de que a educação acontece através de várias redes e os alunos precisam interagir com os conhecimentos assimilados.

Para Gadotti (1995, p.83), “a força da educação está no seu poder de mudar comportamentos. Mudar comportamentos significa romper com certas posturas, superar dogmas, desinstalar-se, contradizer-se”.

A expressão “gestão democrática” foi incorporada ao glossário pedagógico da escola pública brasileira e, principalmente, nas últimas décadas tem sido muito difundida, pois sabemos que a participação é o principal meio de assegurar a gestão democrática na escola, possibilitando o envolvimento dos profissionais da educação, alunos e comunidades em geral na tomada de decisões e no funcionamento da organização escolar. Entretanto, podemos afirmar que a democracia é um valor, ou seja, uma conquista estando expressa na Constituição Federal como também na LDB que é um documento que rege os princípios e normas da educação, sendo necessário por tanto, assegurá-la. Como processo, deve ser construída no cotidiano das relações escolares, pois sabemos que a escola não pode ser uma instituição isolada em si mesma, mas integrada e interagida com a vida social mais ampla.

De acordo com Gadotti (1995), são necessárias algumas diretrizes básicas, dentre as quais estão: a autonomia da escola, incluída uma gestão democrática, a valorização dos profissionais de educação e de suas iniciativas pessoais. Dentre os caminhos buscados para efetiva democratização do ensino público é justamente a democratização da gestão do sistema educativo que busca envolver os setores mais amplos da sociedade: paz, moradores, movimentos populares dentre outros.


É importante enfatizar que cada escola possui sua identidade própria, sua cultura e, por isso, é importante que tudo isso seja respeitado e contemplado no Projeto Político Pedagógico. Fortalecer a gestão da escola, influenciar no seu crescimento são possibilidades oferecidas pela gestão democrática bem sucedida.

É preciso considerar finalmente a prática pedagógica, mais especificamente na escola na qual trabalhamos. Façamos uma reflexão sobre o exercício da prática docente e ou em sua gestão educacional, revendo a realidade, buscando alternativas para alcançar a escola ideal, pois a real ainda tem muito a ser feita. Mudar a situação existente, portanto, é uma tarefa de todos.

domingo, 19 de junho de 2011

PARA QUE SE CONTAR HISTÓRIAS?


“Histórias podem mudar a história de uma criança”


Como recurso psicopedagógico a história abre espaço para a alegria e o prazer de ler, compreender, interpretar, produzir textos e conhecer a si próprio – desejos, direitos e deveres - e à realidade do mundo em que vivemos.
O momento da leitura é um momento mágico, faz a criança viajar, criar um mundo novo.
A criança precisa deste momento, é importante para ela.
As histórias formam o gosto pela leitura.
Quando a criança aprende o gosto pelas histórias contadas ou lidas, ela adquire o impulso inicial para ser um futuro leitor.
As histórias são recursos poderosos para a estimulação do desenvolvimento psicológico e moral da criança em seu crescimento. Enriquece o vocabulário, desenvolve a linguagem e o pensamento.
Através das histórias as crianças estimulam e desenvolvem a atenção, a imaginação, a observação, reflexão e escrita.
A literatura e os contos de fadas levam a criança à descoberta de sua própria identidade, a cultivar a sensibilidade, a comunicação e a formar ainda mais o caráter e incorporar os valores.
Nos últimos anos, a arte de contar histórias vem sendo retomada não apenas por terapeutas e educadores, mas por pessoas de todas as formações, de várias camadas da sociedade, que se reúnem para partilhar sabedoria, afeto e energia através das narrativas.
Contar histórias não é um ato apenas intelectual, mas espiritual e afetivo. Por isso, as melhores histórias são as que contamos espontaneamente, a partir do que carregamos em nossa bagagem de cultura e de experiência de vida. Independente de qualquer sentido, contar histórias pressupõe antes de tudo a vontade de falar do que se sabe, de doar sabedoria e conhecimento, de passar adiante aquilo que se aprendeu. O contato do contador de histórias e o público ou vice-versa é um momento de intenso prazer. Não precisa especificamente de um cenário para contar histórias, mas deve ser um local aconchegante, silencioso e um simples adereço ou gesto fazem a história ser especial, pois a atenção do ouvinte estará voltada para o contador que detém naquele momento todos os poderes para fazer a história significativa ou não.
A contação de histórias é uma ferramenta que incentiva a criança, desde cedo a ler outros livros. Contar uma história para a criança é possibilitar novas experiências, diante dos obstáculos que aparecem em seu caminho. A proposta das contações de histórias, deve também ser utilizada como atividade na biblioteca conservando a tradição oral e contribuindo na formação da criança. Estimulá-la ao prazer diante da leitura, por meio dos contos tradicionais, de fadas e maravilhosos e com certeza a biblioteca da escola passará a ser o melhor e mais desejado espaço de aprendizagem e de sonhos.

segunda-feira, 7 de março de 2011

UM PENSAMENTO

A vida poderá nos pregar uma peça quando menos esperamos, porque muitas vezes queremos ter um domínio de todas as situações de nossa vida. Queremos que todos estejam disponíveis esperando nossas vontades e desejos na hora que isso for mais conveniente para nós. Deixando de lado os sentimentos de nossos amigos ou de nosso amor.
E repentinamente, aquelas pessoas que sempre estão ali, prontas a nos ouvir e compartilhar conosco as tristezas e alegrias, aquelas que nos são caras, se vão.
Todas as pessoas devem ser respeitadas pelos seus sentimentos. Elas também têm suas próprias vidas precisando ser valorizadas pelo que são e o que elas representam para nós.
E quando menos esperamos sentimos que as perdemos, por nosso próprio orgulho ou egoísmo, porque por mais que elas nos amam, certo dia irão se cansar de somente se doar sem nada receber.
Mendigar por amor ou amizade é se anular diante de nosso próprio valor, pois diante do mundo, ninguém é melhor que ninguém. Temos que compartilhar nossos sentimentos, mas nunca pensar que somos mais importantes do que as pessoas que convivem conosco.
Os sentimentos de posse e de ciúme podem afastar as pessoas que nos amam de verdade.
Não deixemos para dizer a essas pessoas o quanto as amamos e o quanto elas são importantes para nós,  depois tê-las perdido para sempre...

Helena Ferreira