terça-feira, 27 de agosto de 2013

IMPORTÂNCIA DO PSICOPEDAGOGO NO DESENVOLVIMENTO DO EDUCANDO



Helena Maria Ferreira

RESUMO

A presente pesquisa fundamentada em autores que estudaram a aprendizagem humana e a Psicopedagogia como uma área do conhecimento tem como objetivo apresentar a importância do psicopedagogo no desenvolvimento do aprendente, a partir das possibilidades de intervenção do Psicopedagogo diante das dificuldades específicas que ele apresenta.  Nessa pesquisa pode-se concluir que, o Psicopedagogo atuando com um olhar diferenciado e escuta aberta às queixas das famílias e professores pode fazer muita diferença no desenvolvimento do educando. Assim sendo, o Psicopedagogo tem um importante papel na vida da criança ou indivíduo que apresenta necessidades especiais na aprendizagem, compreendendo e acompanhando o desenvolvimento cognitivo desse aprendiz, diante das aprendizagens e das dificuldades por ela apresentadas.
Palavras-chave: Psicopedagogia; psicopedagogo; ensino-aprendizagem; dificuldades de aprendizagem e aprendiz.

ABSTRACT

This search based on authors who have studied human learning and Psychopedagogy as a field of knowledge aims to show the importance of psychopedagogists in the development of the learner, as of possibilities of intervention psychopedagogists face specific difficulties that it presents. In this research we can conclude that the psychopedagogists acting with a different look and open listening to the complaints of families and teachers can make a difference in the development of the student. Thus, the psychopedagogists has an important role in the life of the child or person with special needs in learning, understanding and following the development of cognitive apprentice, before the learning and the difficulties it presented.
Keywords: Psychopedagogy; psychopedagogists; teaching and learning; learning disabilities and apprentice.
1 – INTRODUÇÃO

A Psicopedagogia é tomada como um corpo de conhecimentos buscando soluções para os problemas de aprendizagem humana. Um campo recente e interdisciplinar que vai desde a clínica à prevenção atuando com a prática simultaneamente à investigação.
Um olhar psicopedagógico nesse campo do saber, dos mecanismos das interações entre o aprendiz, o professor e a família. Entendo o processo em que o aprendiz é um indivíduo único, cuja personalidade é construída através da vivência social e cultural, mas, sobretudo, a partir das internalizações que faz acerca da prática social, das demandas culturais e de suas próprias necessidades. Desta forma, compreender o processo educativo implica no reconhecimento da existência das funções psicológicas e cognitivas, as quais caracterizam a aprendizagem humana e que, para que a verdadeira aprendizagem ocorra, é necessário que todas as funções intelectuais sejam vivenciadas. O trabalho em sala de aula deve oferecer à criança oportunidades e situações que a levem a vivenciar ativamente essa importante fase do desenvolvimento da personalidade e do aprender com o outro. Diante dessas considerações, a presente pesquisa apresenta a importância do psicopedagogo no desenvolvimento do educando, e a partir das possibilidades de intervenção do psicopedagogo diante das dificuldades específicas em que os aprendizes apresentam.

2 – OS PRESSUPOSTOS DA PSICOPEDAGOGIA

A psicopedagogia consiste numa nova área do conhecimento que, através da interdisciplinaridade, recorre a contribuições da psicologia e da pedagogia, dentre outras áreas, permitindo uma apreensão mais efetiva da aprendizagem. Atualmente, adota-se uma concepção de aprendizagem em que o sujeito compartilha uma interação com o meio no qual está inserido, aspecto no qual reside a especificidade do objeto de estudo da psicopedagogia no processo de aprendizagens e seus problemas.
A Psicopedagogia se ocupa da aprendizagem humana, que adveio de uma demanda – o problema de aprendizagem colocado em um território pouco explorado, situado além dos limites da Psicologia e da própria Pedagogia – e evoluiu devido à existência de recursos ainda que embrionários, para atender a essa demanda, constituindo-se, assim, em uma prática. Como se preocupa com o problema de aprendizagem, deve ocupar-se inicialmente do processo de aprendizagem. Portanto, vemos que a Psicopedagogia estuda as características da aprendizagem humana: como se aprende, como essa aprendizagem varia evolutivamente e está condicionada por vários fatores, como se produzem as alterações na aprendizagem, como reconhecê-las, tratá-las e preveni-las. Esse objeto do estudo, que é o sujeito, adquire características específicas a depender do trabalho clínico ou preventivo. (BOSSA, 2011, p.33)
Segundo Maria M. Neves, a Psicopedagogia inicialmente foi utilizada como adjetivo, indicando um caminho de atuação entre campos do conhecimento da Psicologia e da Pedagogia.
Dentro dessa conotação adjetiva da Psicopedagogia, alguns autores, principalmente pertencentes ao campo pedagógico, no final da década de 70 e início dos anos 80 no Brasil, chamaram de atitude psicopedagógica o que em verdade era um psicologismo radical. Por isso, tratavam de denunciar a formação dos professores por eles cognominada de psicopedagógica. (NEVES 1992, P. 10)

2.1 – Pensando sobre o objeto de estudo da Psicopedagogia
A Psicopedagogia estuda o ato de aprender e ensinar, levando sempre em conta as realidades interna e externa da aprendizagem, tomadas em conjunto. E, mais procurando a construção do conhecimento em toda a sua complexidade, procurando colocar em pé de igualdade os aspectos cognitivos, afetivos e sociais que lhe estão implícitos. (NEVES 1991, P. 12)
O trabalho clínico se dá na relação do sujeito com sua história de vida pessoal e a forma como ele aprende. Isto significa que o profissional precisa conhecer como o sujeito aprende, o porquê ele aprende, percebendo a relação com a aprendizagem para que ela aconteça.
O maior objetivo da atuação do psicopedagogo é eliminar os transtornos já instalados, num procedimento clínico com todas as suas implicações. O caráter preventivo permanece aí, uma vez que, ao eliminarmos um transtorno, estamos prevenindo o aparecimento de outros.
O trabalho preventivo deve ser avaliado em seu processo didático-metodológico e como essa dinâmica institucional interfere no processo de aprendizagem.
A definição do objeto de estudo da Psicopedagogia passou por fases distintas, assim, como os demais aspectos dessa área de estudo. Em diferentes momentos históricos, que repercutem nas produções científicas, esse objeto foi entendido de várias formas. Houve um tempo que o trabalho psicopedagógico priorizava a reeducação, o processo de aprendizagem era avaliado em função de seus déficits, e o trabalho procurava vencer tais defasagens. O objeto de estudo era o sujeito que não podia aprender, concebendo-se a “não aprendizagem” pelo enfoque que salientava a falta. Esse ponto de vista buscava estabelecer semelhanças entre grandes grupos de sujeitos, as regularidades, o esperado para determinada idade, visando reduzir as diferenças e acentuar a uniformidade. (BOSSA, 2011, P.33)

3 - A ATUAÇÃO DO PSICOPEDAGOGO NO MEIO ESCOLAR 

A atuação do Psicopedagogo na instituição escolar parte se faz necessário partido do pressuposto de que as escolas possuem deficiências em saber as causas das dificuldades de aprendizagens apresentadas pelas crianças, pois a falta de preparo dos professores frente a essas dificuldades seria de que o aluno não aprende. Assim, a intervenção psicopedagógica reconhece que as dificuldades de aprendizagens evidenciam-se quando há presença de problemas emocionais e comportamentais no desenvolvimento de uma criança. Na infância podem ser notadas dificuldades comportamentais quando a criança apresenta comportamentos inadequados à sua faixa etária e contrários aos comportamentos das crianças que não possuem dificuldades. O comportamento das crianças com dificuldades de aprendizagem pode ser marcado pelo isolamento, a inibição e a inquietação.
Para Bossa APUD Kiguel (1991) que também tem contribuído nesse processo de construção,
Historicamente a Psicopedagogia surgiu na fronteira entre a Pedagogia e a Psicologia, a partir das necessidades de atendimento de crianças com “dificuldades de aprendizagem”, consideradas inaptas dentro do sistema educacional convencional (...) no momento atual, à luz de pesquisas psicopedagógicas que vêm se desenvolvendo, inclusive no nosso meio, e de contribuições da área da Psicologia, Sociologia, Antropologia, Linguística, Epistemologia, o campo da Psicopedagogia passa por uma reformulação. De uma perspectiva puramente clínica e individual busca-se a compreensão mais integradora do fenômeno da aprendizagem e uma atuação de natureza mais preventiva. (BOSSA, 2011, P.27)
As queixas referentes às dificuldades de aprendizagens estão ligadas a conflitos emocionais que são manifestados internamente e a não aprendizagem, muitas vezes, está implicada a aspectos traumáticos que marcaram, em algum momento, a vida da criança. Nesse sentido, as escolas têm deficiências em saber as causas das dificuldades de aprendizagens apresentadas pelas crianças. Uma das formas pelas quais o Psicopedagogo atua diante das dificuldades de aprendizagem é através da avaliação psicopedagógica.                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                           
Entende-se como atendimento psicopedagógico clínico a investigação e a intervenção para que compreenda o significado, a causa e a modalidade de aprendizagem do sujeito, com o intuito de nanar suas dificuldades. A marca diferencial entre o psicopedagogo e outros profissionais é que seu foco é o vetor da aprendizagem, assim como o neurologista prioriza o aspecto orgânico; o psicólogo, aa “psique”; o pedagogo, o conteúdo escolar. (BOSSA, 2011, P. 103)
De acordo com Ferreira (2002) Existem seis fases bastante definidas no processo de atuação do psicopedagogo, as quais podem ser assim definidas, nesse processo.
Avaliação psicopedagógica é um processo de apoio às decisões tomadas a respeito da situação escolar dos alunos. É um processo contínuo, que tem a função de melhorar o desenvolvimento e atuação de cada aluno, direcionando melhor as decisões a serem tomadas no processo ensino-aprendizagem e complementando a avaliação escolar.

Atualmente, a Psicopedagogia refere-se a um saber e um saber fazer, às condições subjetivas e relacionais – em especial familiares e escolares –, a inibições, atrasos e desvios do sujeito ou grupo a ser diagnosticado. O conhecimento psicopedagógico não se cristaliza em uma delimitação fixa nem nos déficits e nas alterações subjetivas do aprender, mas avalia a possibilidade do sujeito, a disponibilidade afetiva de saber e de fazer, reconhecendo que o saber é próprio do sujeito. (BOSSA, 2011, P. 46)

O aproveitamento da informação que a escola já possui sobre o aluno é                                                                                                                                                                                                                                 considerado o ponto de partida para a avaliação psicopedagógica. Para o primeiro contato com a família, poder comparar as informações que foram passadas à sua ficha pessoal sobre o desempenho e dificuldades esplanadas pelo professor.
A categoria “dificuldades de aprendizagem” é tratada como sintoma e abarca conceitos como dificuldades de aprendizagem escolar, distúrbios de aprendizagem escolar, problemas específicos da aprendizagem escolar, déficit de atenção, transtorno de leitura, transtorno de escrita, dislexia e outros. Da mesma forma, a instituição escola é parte integrante do nosso objeto de investigação. (BOSSA, 2011, P. 199)                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                      
Na Educação Infantil, são pontuados os hábitos, atitudes do cotidiano da criança, normas, relações, capacidades relativas à comunicação, expressão e compreensão da linguagem, desenvolvimento motor, memória e atenção.
No Ensino Fundamental, considera-se a autonomia da criança e relação à organização pessoal, hábitos de higiene, capacidades de linguagem, habilidades motoras, tarefas escolares, deveres de casa, atitudes em relação à família, adultos e a dependência ou independência nas relações sociais.
E no Ensino Médio, são consideradas informações espontâneas sobre a família, a escola, amigos, interesses, problemas, aceitação e cumprimento de normas, atitudes em casa, autonomia e relações sociais.
A avaliação da situação inicial é realizada após a solicitação de intervenção e se orienta pelas informações já obtidas pela queixa na solicitação da avaliação psicopedagógica. Registros são feitos para a próxima análise e as decisões a serem tomadas facilitando a intervenção de ajuda psicopedagógica que poderá ser realizada em três etapas que são: a observação em sala de aula, para obter informação de como se desenvolve a dinâmica da aula em seu conjunto, a análise do trabalho dos alunos: correções, anotações, comentários escritos e a análise comparativa acompanhando a evolução da aprendizagem ao longo do curso, para introduzir mudanças que sejam necessárias.
Após as fases anteriores, passa-se a buscar informações sobre a capacidade do aluno nas diferentes áreas do currículo e em relação a diferentes capacidades e habilidades. Através das provas psicopedagógicas essas informações são facilitadas e é possível observar o estilo de aprendizagem e dificuldades em progredir na escolaridade de cada aprendente. E além da vida escolar, essas provas observam o relacionamento familiar e social.
Uma devolutiva é encaminhada aos professores, iniciando-se com uma avaliação positiva do aluno, salientando suas capacidades, projetando-se e planejando-se as ações educativas necessárias, enfatizando a explicação da situação do aluno no contexto escolar. A devolutiva acontece em resumo escrito da avaliação com orientações sobre o trabalho que deve iniciar, bem como a função de cada um dos envolvidos nessas ações e programando-se reuniões de acompanhamento posterior.
Em mais uma fase, a informação aos pais ou responsáveis legais acontece com as conclusões da avaliação psicopedagógica e quais as decisões que serão tomadas pelo professor com relação ao aprendente. Essas entrevistas familiares devem ser realizadas preferencialmente pelo professor.
O acompanhamento acontece na revisão do processo educativo, apresentação de sugestões sobre as adaptações a serem feitas no currículo para ações posteriores, envolvendo toda a comunidade escolar e familiar favorecendo e respeitando diferenças individuais e promovendo aprendizagens mais significativas.
A função principal da intervenção psicopedagógica é colaborar com as equipes de professores para efetivar a melhoria da qualidade da educação garantindo a aprendizagem ao educando conhecendo a forma como ele aprende.

...Os verbos “ler” e “escrever” deixaram de ter uma definição imutável: não designavam mais (e tampouco designam hoje) atividades homogêneas. Ler e escrever são construções sociais. Cada época e cada circunstância histórica dão novos sentidos a esses verbos. (FERREIRO, 2002, p.13)

4 – CONCLUSÃO

Hoje, o psicopedagogo é um profissional qualificado para trabalhar com a prevenção e detenção de dificuldades e ou problemas de desenvolvimento pessoal e de aprendizagem que o aprendente possa apresentar.
Lidar com o insucesso escolar é uma tarefa complexa e desafiadora para a qual não se tem uma resposta acabada e pronta, o que aponta para a necessidade de buscar alternativas que possam minimizar tal situação, mas temos no Psicopedagogo um profissional do conhecimento trans/inter/multidisciplinar, que aplica conhecimentos considerando as realidades tanto internas como externas da aprendizagem. Por isso, concluiu-se que o Psicopedagogo é necessário ao desenvolvimento do educando, com uma escuta e um olhar mais sensível quanto às demandas de professores, alunos e famílias. A intervenção do psicopedagogo não termina na escola ou na sala de aula. Ela estende-se a família.

Falar sobre Psicopedagogia é necessariamente, falar sobre a articulação entre educação e psicologia, articulação essa que desafia a estudiosos e práticos dessas duas áreas. Embora quase sempre presente no relato de inúmeros trabalhos científicos que tratam principalmente dos problemas ligados à aprendizagem, o termo Psicopedagogia não consegue adquirir clareza na sua dimensão conceitual. (BOSSA 1992, P. 10)

Assim, a Psicopedagogia tem um importante papel na vida da criança que apresenta necessidades e demanda cuidados, pois, enquanto aprende na escola, compreendendo que o desenvolvimento cognitivo de uma criança é uma longa fileira de transformações, de transgressões de uma atividade dominante para outra, é um diálogo que ela estabelece com o seu futuro, com o caminho que vai trilhar e com os recursos e possibilidades que o meio lhe oferece.
Para finalizar, poderíamos observar que, na medida em que avançamos na produção científica do nosso campo teórico, o sujeito da Psicopedagogia tem assumido contornos mais específicos. Não se trata do sujeito epistêmico de Piaget, do sujeito inconsciente de Freud, do sujeito cindido de Lacan, e outros, porém estamos tratando de resgatar um sujeito total: não a soma, mas sim a articulação desses sujeitos ou fragmentos, em um novo desenho, mais coerente com o pensamento científico atual. (BOSSA, 2011, P.232)


5 – REFERÊNCIAS


BASSEDAS, E. et al. Intervenção educativa e diagnóstico psicopedagógico. 3ª ed. Porto Alegre: ARTMED, 1996.
BOSSA, N. A. A psicopedagogia no Brasil. 4ª ed. Rio de Janeiro, WAK 2011.
FERREIRA, Renata T. da S. A importância da psicopedagogia no ensino fundamental – 1ª a 4ª séries.
FERREIRO, Emília. Passado e presente dos verbos ler e escrever. São Paulo: Cortez, 2002.

MARIANTE, Maria Alvina Pereira. Psicopedagogia online. Disponível em HYPERLINK  http://www.psicopedagogia.com.br/artigos/artigo.
MONERO, Carlos; SOLÉ, Isabel et al. O assessoramento psicopedagógico: uma perspectiva profissional e construtivista. Porto Alegre: Artes Médicas Sul, 2000.
MORAIS, Arthur Gomes de. Ortografia: ensinar e aprender. 4ª ed. São Paulo: Ática, 2000.
NEVES, M. A. Psicopedagogia: um só termo e muitas significações. In Boletim da Associação Brasileira de Psicopedagogia, v.10, n.21, 1991.
WEISS, M. L. L. Psicopedagogia clínica: uma visão diagnóstica dos problemas de aprendizagem escolar. 4ª ed. Rio de Janeiro: DP&A, 1997.

Poema