terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

POEM

Permission

Helena Ferreira



Let me close my eyes,
My thought is too far!
I thought it was just nostalgia,
But this thought lurks.


Let now I whisper
The words that I thought hides.
There is a sweet light in silence,
The sweet words in the distance.


Let now I open my eyes,
To see the world outside.
In the dark heart of the crisis,
That also looks at me now

Poema

Permissão

Helena Ferreira


Permita que eu feche os meus olhos,
Meu pensamento está muito longe!
Pensei que era apenas saudade,
Mas nesse pensamento se esconde.


Permita agora que eu sussurre
As palavras que meu pensamento esconde.
Há uma doce luz no silêncio,
Nas suaves palavras ao longe.


Permita agora que eu abra meus olhos,
Para ver o mundo lá fora.
No escuro olhar da lua,
Que também me olha agora.

sábado, 20 de fevereiro de 2010

Poem

Your hands
Helena Ferreira


In your hands you the rainbow
The smile on the lips of children
A ray of sunshine
Hope.

In your hands you the sky
The brightness of stars, the moon
Dawn
The breeze, the waves of the sea.

In your hands you the magic of fairies
The clear nights of full moon
The sunny afternoons
The castles of sand.

In your hands you have the most delicate gestures
Ocean
Touch
The real
Fantasy
The most beautiful dreams
I dreamed of one day.

Poema

Tuas mãos
Helena Ferreira

Nas tuas mãos tens o arco-íris
O sorriso dos lábios da criança
Um raio de sol
A esperança.

Nas tuas mãos tens o céu
O brilho das estrelas, o luar
O amanhecer
A brisa, as ondas do mar.

Nas tuas mãos tens a magia das fadas
As noites claras de lua cheia
As tardes ensolaradas
Os castelos de areia.

Nas tuas mãos tens os mais delicados gestos
O oceano
O toque
O real
A fantasia
Os mais belos sonhos
Que sonhei um dia.

sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010

Crônica

LEMBRANÇAS
HELENA FERREIRA

As memórias vêm e vão fluindo como flash transportando-nos ao passado, muitas vezes tão distantes e então paramos por algum tempo e nos deparamos com a matemática, calculando o tempo, quando, em que época foi feito esse registro em nossas vidas.
Esse tempo às vezes se torna tão remoto, tão distante, fora do alcance de nossas lembranças, as horas se passam e nós ali, tentando trazer à tona as relíquias guardadas no baú chamado saudade.
Hoje, passei por essa experiência, quando o telefone tocou e minha mãe com toda cortesia me oferecia sementes de romã, para o dia de Reis. Muitas pessoas ainda acreditam nessa “simpatia” que é feita no Dia de Reis Magos – que possa trazer prosperidade ao longo do novo ano que se inicia.
Muitos flashes em minhas lembranças se abriram como fogos de artifício, e me vi em várias épocas onde vivenciei fatos ligados ao nascimento de Jesus, e à visita ao Menino Jesus pelos Reis Magos. Quando pequena eu ouvia dizer que esses três reis levaram presentes para Jesus, seguindo a estrela guia. Ficava por horas, sentada em frente ao presépio na sala da casa de minha avó paterna olhando essas figuras que faziam parte daquele cenário e imaginava como seria aquele lugar, o cheiro do incenso, do perfume e como chegar até lá seguindo uma estrela. Ficava tentando lembrar o nome dos reis e sempre esquecia como se chamava o terceiro rei, Baltazar, Belchior e Gaspar.
Voltei à memória mais recente e soaram em meus ouvidos uma canção de Natal que diz assim:
“E levaram os três dons:
Ouro, mirra, incenso bom.
Para a vir, vir, vir
Para a vir, gem, gem
Para vir, para gem
Para virgem pia
Nossa mãe Maria.”

Em um mergulho ao fundo de minhas lembranças sobre o dia de Reis, voltei à minha infância, num lugarzinho muito distante, bem escondido entre alguns morros e de difícil acesso. Nesse lugar só recebíamos visitas de pessoas muito queridas que andavam quilômetros à pé ou no lombo de cavalos. Atravessando muitas vezes o rio Pará em uma balsa – quando me lembro de deveras passei por tantas vezes, no rio, em forte correnteza, me passa um frio pela espinha – para ter aceso a esse lugar de que hoje me recordo.
No entanto, todo ano no dia seis de janeiro, acontecia a “Folia de Reis”, que é parte viva de nosso folclore, hoje quase desaparecido.
Cavalheiros mascarados que tocavam, cantavam e dançavam, visitando todas as casas da redondeza, arrecadando donativos para as entidades carentes.
Eles saíam durante a noite, visitando todas as casas da vizinhança. Quando chegavam à nossa casa já eram altas horas da noite. Muitas vezes não aguentávamos o sono de crianças e adormecíamos - eu e meus irmãos. Acordávamos com a cantoria pela estrada afora, aproximando-se da porteira há uns duzentos metros da nossa casa.
Levantamos todos para receber os festeiros. Quando então minha mãe corria para a cozinha para aquecer o chá e preparar o café fresquinho que espalhava aquele aroma perfeito para a acolhida dos visitantes.
Nós crianças, ficávamos trepados em um banco em frente à janela, para vê-los chegando ao terreiro, de terra bem branquinha, varrido com folhas de alecrim que deixavam um delicioso cheiro de limpeza naquela noite estrelada que parecia convidar para uma dança.
A noite de reis passava tão depressa, ou seria mesmo a ansiedade de aproveitar cada momento de espera naquele dia, naquele lugar que quase nada acontecia. Mas na verdade, nós tínhamos mesmo era medo de conhecer o que existia debaixo daquelas máscaras dos reis, que sempre foi um mistério para nós. Quem seria o personagem mascarado? Até hoje não sabemos.
A noite passava...
E esperávamos até o próximo ano, a Folia de Reis.