PSICOMOTRICIDADE:
HISTÓRICO E CONCEITOS
Helena
Maria Ferreira
RESUMO
Este
artigo é resultado de estudos e pesquisas acerca da psicomotricidade,
desenvolvimento psicomotor, origens da educação psicomotora, conceitos de
esquema corporal, orientação corporal, fazendo uma relação entre
Psicomotricidade, Educação Física Psicomotora e como se trabalhar esses
conceitos na escola.
Palavras-chave:
Esquema corporal, Psicomotricidade, Orientação espacial.
INTRODUÇÃO
A psicomotricidade reflete um
estado da vontade, que corresponde à execução dos movimentos. E esses
movimentos podem ser voluntários ou involuntários.
Sendo assim, a Psicomotricidade
tem como base expressiva a formação e estruturação do esquema corporal.
A Educação Física tem o objetivo
estimular o desenvolvimento psicomotor e contribui na formação integral do
educando e suas potencialidades.
Os reflexos condicionados são
produzidos desde as primeiras semanas de vida. Esses reflexos geralmente começam
como atividades voluntárias e depois, por já estarem aprendidos, mecanizados.
Assim sendo, corpo é o meio de
ligação do individuo consigo mesmo, sua individualidade e com o mundo.
BREVE HISTÓRICO DA
PSICOMOTRICIDADE
Historicamente o termo
"psicomotricidade" aparece a partir do discurso médico, mais precisamente
neurológico, quando foi necessário, no início do século XIX, nomear as zonas do
córtex cerebral situadas mais além das regiões motoras. Com o desenvolvimento e
as descobertas da neurofisiologia, começa a constatar-se que há diferentes
disfunções graves sem que o cérebro esteja lesionado ou sem que a lesão esteja
claramente localizada. São descobertos distúrbios da atividade gestual, da
atividade práxica. Portanto, o "esquema anátomo-clínico" que
determinava para cada sintoma sua correspondente lesão focal já não podia
explicar alguns fenômenos patológicos. É, justamente, a partir da necessidade
médica de encontrar uma área que explique certos fenômenos clínicos que se
nomeia, pela primeira vez, o termo Psicomotricidade, no ano de 1870. As
primeiras pesquisas que dão origem ao campo psicomotor correspondem a um
enfoque eminentemente neurológico (SBP, 2003).
A Psicomotricidade se conceitua como Ciência da Saúde e da Educação, pois indiferente das diversas escalas, psicológicas, condutistas, evolutistas, genéticas. Ela visa a representação e a expressão motora, através da utilização psíquica e mental do indivíduo (AJURIAGUERRA apud ISPE-GAE, 2007).
Os primeiros movimentos de
trabalhos da psicomotricidade foram impulsionados dentro de uma proposta
reeducativa. A reeducação é uma forma de estimular na criança suas funções
psicomotoras, que foram contrariadas em seu desenvolvimento. Piaget em seus
estudos já se preocupava em estimular as crianças de forma adequada,
respeitando cada fase do seu desenvolvimento. Assim ele redimensionou as
questões da Psicomotricidade e não a limita apenas a uma ação reeducativa, mas
a uma primeira instância educativa.
A PSICOMOTRICIDADE E A EDUCAÇÃO
PSICOMOTORA
Um desenvolvimento adequado do
esquema corporal corresponde a uma maturação da motricidade, das percepções
espaciais e temporais e da afetividade, que vão favorecer um bom
desenvolvimento cognitivo de uma forma global e especificamente na aprendizagem oral e escrita.
Na Evolução da Psicomotricidade,
Wallon propõe uma série de estágios do desenvolvimento cognitivo. Porém ele não
acredita que os estágios de desenvolvimento formem uma sequência linear e fixa,
ou que um estágio suprima o outro. Para Wallon, o estágio posterior amplia e
reforma os anteriores. O desenvolvimento não seria um fenômeno suave e
contínuo; pelo contrário, o desenvolvimento seria permeado de conflitos
internos e externos. É natural que, no desenvolvimento, ocorram rupturas,
retrocessos e reviravoltas. Os conflitos, mesmo os que resultem em retorno a
estágios anteriores, são fenômenos geradores de evolução. A mudança de cada
estágio se caracteriza um tipo diferenciado de comportamento, uma atividade
predominante que será substituída no estágio seguinte, além de conferir ao ser
humano novas formas de pensamento, de interação social e de emoções que irão
direcionar-se, ora para a construção do próprio sujeito, ora para a construção
da realidade exterior.
A questão
da motricidade é muito forte na teoria walloniana, compreendida como um
instrumento privilegiado de comunicação da vida psíquica. A criança, que ainda
não possui a linguagem verbal, exprime por meio da motricidade suas mais
diversas necessidades, traduzidas, portanto, de uma forma não verbal e com
aspectos afetivos de expressão de bem ou mal estar.
Nesse
sentido Fonseca (2008, p.15) esclarece:
A motricidade contém, portanto, uma dimensão psíquica,
e é um deslocamento no
espaço de uma totalidade motora, afetiva e cognitiva, que se apresenta em termos
evolutivos segundo Wallon sob três formas essenciais: deslocamentos passivos ou
exógenos, deslocamentos ativos ou autógenos e deslocamentos práxicos.
espaço de uma totalidade motora, afetiva e cognitiva, que se apresenta em termos
evolutivos segundo Wallon sob três formas essenciais: deslocamentos passivos ou
exógenos, deslocamentos ativos ou autógenos e deslocamentos práxicos.
"A educação psicomotora deve
ser considerada como uma educação de base na pré-escola. Ela condiciona todos
os aprendizados pré-escolares; leva a criança a tomar consciência de seu corpo,
da lateralidade, a situar-se no espaço, a dominar seu tempo, a adquirir habilidades
de coordenação de seus gestos e movimentos." (Oliveira, 1997)
ESTÁGIOS DO DESENVOLVIMENTO PSICOMOTOR:
O primeiro dos estágios é o
impulsivo-emocional que abrange o primeiro ano de vida, quando o bebê não sabe
diferenciar o que é ele e o que é o mundo.
No segundo estágio, o
sensório-motor e projetivo que vai até os três anos de idade, onde o interesse
é voltado para a exploração sensorial e motora do mundo físico, o que está
pensando projeta em atos motores, vai fazendo e pensando ao mesmo tempo,
ocorrendo o desenvolvimento da função simbólica.
O terceiro estágio, o do
personalismo, abrange dos três aos seis anos de idade, cuja tarefa principal é
a formação da personalidade, constroem a consciência de si, por meio das
interações sociais. A criança tenta se compreender e compreender o mundo.
O quarto estágio é o categorial,
por volta dos seis anos de idade, o cognitivo auxilia na entrada do mundo da
alfabetização, avanços no cognitivo que dirigem o interesse das crianças pelas
coisas, para o conhecimento.
O último estágio é o da adolescência,
que traz à tona questões pessoais, morais e existenciais, pergunta quem sou eu
enquanto pessoa no mundo. Iniciada pela puberdade, com as mudanças hormonais.
CONCEITOS DE PSICOMOTRICIDADE
A Psicomotricidade é um dos elementos sociais na
educação pedagógica, pois é, tanto ação como expressão, servindo de elo
entre o sujeito e o meio ambiente. A evolução psicomotora está internamente
ligada ao descobrimento das coisas, do espaço, do tempo, do mundo externo.
Wallon relaciona tônus muscular com os estados
afetivos e emocionais do sujeito. A relação tônico-emocional atua, no
desenvolvimento da criança e ainda fala em esquema corporal como o conhecimento
do próprio corpo, o saber dominá-lo, conceitos ligados à função, localização e
utilização.
Quanto à concepção de corpo,
indica que ele não seria apenas um instrumento utilizado para a construção e
para a ação, além disso, é a forma como se comunica com o meio, com o social.
Ao contrário do pensamento da dualidade entre o corpo e a alma, Ajuriaguerra
afirma que a criança é seu corpo, como já dito, ela se desenvolve tendo a
consciência sobre ele. É por meio de seu corpo que a criança expressa seus
sentimentos, suas necessidades e suas emoções.
Para Ajuriaguerra (apud FONSECA, 2008, p.104):
[...] a evolução da criança é
sinônimo de consciencialização e de conhecimento cada vez mais profundos do seu
corpo, ou seja, do seu eu total. É com o corpo, diz-nos este autor, que a
criança elabora todas as suas experiências vitais e organiza a sua
personalidade única, total e evolutiva [...].
Piaget é reconhecido pelo seu
trabalho de organizar o desenvolvimento cognitivo em estágios; seu estudo fora
feito por meio da observação de crianças.
Sua teoria era de que o conhecimento é construído por cada sujeito na interação com seu ambiente. Dessa forma, procurou identificar como o homem constrói seu conhecimento, como ele o procura, organiza e assimila a seu estado anterior de conhecimento, ou seja, a gênese do conhecimento, defendendo então que as pessoas passariam por estágios de desenvolvimento. Isso aconteceria por meio da equilibração que se configura entre a assimilação e a acomodação, resultando em uma adaptação ao mundo exterior.
Sua teoria era de que o conhecimento é construído por cada sujeito na interação com seu ambiente. Dessa forma, procurou identificar como o homem constrói seu conhecimento, como ele o procura, organiza e assimila a seu estado anterior de conhecimento, ou seja, a gênese do conhecimento, defendendo então que as pessoas passariam por estágios de desenvolvimento. Isso aconteceria por meio da equilibração que se configura entre a assimilação e a acomodação, resultando em uma adaptação ao mundo exterior.
Segundo Piaget, a inteligência
seria o resultado dessa adaptação, nesse sentido seria por meio da experiência
como ação que as pessoas passariam a transformar o mundo e a incorporá-lo,
portanto pode-se afirmar que por meio da motricidade o indivíduo integra-se ao
mundo exterior e o modifica, assim como a si próprio (FONSECA, 2008).
A motricidade na obra de Piaget tem papel de extrema importância na construção da imagem mental, ou seja, na questão da representação. Para a formação dessa representação é preciso que tenha acontecido a experiência vivida com o objeto, a ação direta com ele, ou seja, o movimento que se pratica transformando esse objeto por meio de processos sensório-motores.
A motricidade na obra de Piaget tem papel de extrema importância na construção da imagem mental, ou seja, na questão da representação. Para a formação dessa representação é preciso que tenha acontecido a experiência vivida com o objeto, a ação direta com ele, ou seja, o movimento que se pratica transformando esse objeto por meio de processos sensório-motores.
No início, a Psicomotricidade
tinha seus estudos voltados para a patologia. Wallon, Piaget e Ajuriaguerra
tiveram a preocupação de aprofundar esses estudos mais voltados para o campo do
desenvolvimento. Wallon se preocupou com a relação psicomotora, afeto e emoção,
Piaget se preocupou com a relação evolutiva da psicomotricidade com a
inteligência e Ajuriaguerra, que vem consolidar as bases da evolução
psicomotora, voltou sua atenção mais específica para o corpo em sua relação com
o meio. Para ele, a evolução da criança está na conscientização do seu corpo. A
teoria de Wallon possibilitou o início do pensamento psicomotor e a valorização
do indivíduo de maneira integral, dando sugestões para muitos outros estudiosos
que se apropriaram de seus conhecimentos e contribuíram para o desenvolvimento
desse pensamento.
Efetivamente, ao dar-se uma
estrutura cognitiva à ação e a motricidade, a inteligência tem de coordenar a
ação, de forma a acomodar-se ao objeto ou ao real. A criança, acomodando-se ao
real e aos objetos, conhece-os, simboliza-os e pode representá-los. Mais uma
vez, a motricidade é a estrutura de troca e de relação que permitirá à criança
assimilar e acomodar-se ao real e aos objetos. O pensamento da criança é
inteligente quando se apoia no real ou nos objetos, pois só pela ação e pela
motricidade poderá assimilá-los e acomodá-los (FONSECA, 2008, p.84).
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Depois de muita leitura e pesquisas com
embasamento teórico, conclui que a Psicomotricidade favorece à criança uma
relação consigo mesma e com o mundo que a cerca.
A Psicomotricidade existe nos
menores gestos e em todas as atividades que desenvolvem a motricidade da
criança, visando ao conhecimento e ao domínio do seu próprio corpo. Por isso
dizemos que a mesma é um fator essencial e indispensável ao desenvolvimento
global e uniforme da criança. A estrutura da Educação Psicomotora é a base fundamental
para o processo intelectivo e de sua aprendizagem. O desenvolvimento evolui do
geral para o específico; quando uma criança apresenta dificuldades de
aprendizagem, em grande parte essas dificuldades estão no nível das bases do desenvolvimento
psicomotor. Daí a importância para a valorização do trabalho da
psicomotricidade na escola
Também pude concluir que através
das atividades que envolvem a psicomotricidade na Educação Física escolar,
contribui melhor para o melhor conhecimento da criança, além de desenvolver
cooperação, interação, socialização, significa recrear-se, porque é a forma
mais completa que o indivíduo tem de comunicar-se consigo mesmo e com o mundo.
REFERÊNCIAS
AJURIAGUERRA, J. Manual de psiquiatria infantil. São Paulo: Manson, 1983.FONSECA,
Vitor da. Aprender a Aprender: A Educabilidade Cognitiva. Porto Alegre: Artmed,
1998.
FONSECA, Vitor da. Desenvolvimento Psicomotor e Aprendizagem. Porto Alegre: Artmed, 2008.
FONSECA, Vitor da. Desenvolvimento Psicomotor e Aprendizagem. Porto Alegre: Artmed, 2008.
PIAGET, Jean. A Equilibração das Estruturas
Cognitivas. Rio de Janeiro: Zahar, 1975.
SBP. SOCIEDADE BRASILEIRA DE PSICOMOTRICIDADE.
Disponível em: www.psicomotricidade.com.br. Acesso em: fevereiro 2003.
WALLON, H. A Evolução Psicológica da Criança. São Paulo: Edições 70, 1968.
WALLON, H. A Evolução Psicológica da Criança. São Paulo: Edições 70, 1968.
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